Depois de umas braçadas nas ondas da praia de Carcavelos, bem cedo, estava pronta para um dia intensivo de aprendizagem sobre capital de risco, gestão de equipas e, claro, o meu tópico preferido – sustentabilidade.

Na primeira apresentação, discutimos os desafios que estão a surgir na “bolha espacial” e a mudança de mentalidades necessária para incorporar o “pensamento comercial” no setor. De acordo com os speakers Emir Sirage, da Portugal Air Center, e Miguel Pina e Cunha, da Nova SBE, “a exploração espacial está a ser conduzida pela ciência e agora queremos energizá-la através da economia, mas essa mudança ainda não está a acontecer”. Miguel falou também em “quebrar a bolha especial” ao pensar na forma como o Espaço pode ajudar a resolver os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Em grupos, deram-nos a tarefa de olhar para quatro empresas espaciais diferentes, em vários estágios de sucesso, para percebermos em que fase estavam, se tinham lideranças voltadas para a sustentabilidade e se trabalhavam os ODS ou poderiam ser consideradas “New Space companies”. Foi um exercício interessante porque levantou várias questões fundamentais sobre definições: o que é sucesso? Quando é que uma empresa pode ser considerada New Space? O que significa sustentabilidade? E como é que sabemos quem está verdadeiramente a trabalhar os ODS?

Como podem ter adivinhado, com todas estas questões, discutimos várias horas. Mas também fomos capazes de perceber as perspetivas das empresas a partir de vídeos pré-gravados. Apesar de querer muito dizer que chegámos a definições claras e a algum consenso, a verdade é que ainda há muito por definir em matérias de espaço e sustentabilidade.

Tornou-se evidente que “ODS washing” é uma prática comum em muitas empresas. Da mesma forma que o “greenwashing”, significa que as organizações se servem de um ou mais dos 17 objetivos para melhorarem a sua imagem. O problema é que a Agenda de ODS consiste em três níveis diferentes: as ambições, as metas e os indicadores. As metas e os indicadores dão um significado específico aos objetivos, assim como à forma como se mede a contribuição. No entanto, em muitos casos, apenas o objetivo é utilizado para estabelecer a ligação entre a Agenda e a organização, apesar de não haver qualquer contribuição. O último relatório do World Business Council for Sustainable Development afirmou que 84% das empresas inquiridas referiam-se a objetivos específicos nos seus relatórios, no entanto, apenas 15% tinham alinhado as suas estratégias com essa meta específica e critérios de ODS.

Agora, vamos ao capital de risco no Espaço. Tivemos uma grande apresentação e conversa com Rodolfo Condessa, da Armilar Venture Partners. Falou-nos dos diferentes estágios dos investimentos e do financiamento, desde universidades e governos, até família, amigos, “anjos”, passando por Early-stage VC & Late-stage VC, fundos de crescimento, private equity e mercados públicos. Rodolfo frisou que o ritmo do investimento e avaliações estão a abrandar em 2022, mas muitos dos fundamentos vão provavelmente manter-se, como para a tecnologia inovadora. Uma das suas mensagens-chave foi que o empreendedorismo não é mais o caminho “estranho” e que um capital de risco não é mais um ativo de nicho.

A nossa apresentação final foi sobre o tópico de reforço em deep learning, passando pela Inteligência Artificial. Contudo, apesar de admitir que me perdi um bocado no que diz respeito às distinções, foi muito bom perceber as inúmeras aplicações que esta tecnologia pode ter, para simular sistemas físicos, como a simulação ondas para perceber as dinâmicas costeiras. Segundo Hugo Penedones, a IA, alimentada pelos dados de observação da Terra, pode ajudar a diminuir o preço destas simulações e resolver problemas mais complexos.

Antes de concluir o módulo com umas “cervejas espaciais”, para celebrar (no bar com rooftop da universidade, claro!), tivemos um momento de feedback para perceber como está a ser o programa até agora. Os participantes e os organizadores deram bons inputs e ideias, para melhorar as edições dos próximos anos.

Uma das grandes lições de hoje foi que há muito potencial para incluir conceitos importantes, como a sustentabilidade, no setor comercial espacial, mas, para tal, as definições necessitam de serem clarificadas, para que sejam claramente expressas e evitar suposições.

Fiquem ligados para mais!

A vossa,

Chiara                                            

 

Este texto foi primeiramente publicado no SpaceWatch.Global - leia o artigo original aqui. Saiba como correu o segundo dia de Chiara Moenter no campus de Carcavelos.

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Publicado em 
8/8/2022
 na área de 
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