Perto de atingir os 500 participantes no programa Comunicar com Eficácia, conversámos com o Diretor Executivo Richard Fleming para percebermos o sucesso deste programa. Para quem ainda tem dúvidas, estão prestes a desaparecer.

Nova SBE (NSBE): Professor Richard, estamos a caminho da 15ª edição deste programa. Como explica o sucesso e a sua aparente relevância para os participantes ao longo do tempo?

Richard Fleming (RF): Penso que o programa tem conseguido dar resposta a várias preocupações e paixões comuns dos executivos de hoje, dos mais variados setores, funções e posições nas respetivas hierarquias – desafios que todos nós enfrentamos e que têm alterado drasticamente, nos últimos anos, o trabalho de quem lidera, de quem vende, e, no fundo, de quem procura influenciar, desenvolver ou motivar o próximo.

NSBE: Quando fala em preocupações, ao que se refere?

RF: Para mim, não faz sentido falarmos sobre comunicação nas organizações sem contextualizar o nosso diálogo na vida real das mesmas. Num mundo altamente ruidoso, com chamadas constantes tanto para a nossa atenção como para a atenção da nossa audiência, temos que repensar as estratégias de comunicação no sentido de equilibrar a eficiência inerente às ferramentas informáticas, com a eficácia comunicativa necessária para “fazer acontecer”. Comunica-se muito, diria que quase em auto-piloto, através do email, do Teams ou de outras ferramentas que dependem da escrita, quando muitas vezes a nossa eficácia dependerá duma abordagem mais estratégica, mais centrada nas caraterísticas base dos seres humanos e naquilo que as move.

Por isso, centramos o diálogo em sala à volta deste contexto e procuro que cada um encontre, se não soluções, pelo menos linhas orientadoras para repensarem a maneira como comunicam, a mudança que pretendem efetuar nas suas organizações, o impacto que procuram ter nas suas equipas, nos seus clientes ou noutras pessoas que pretendem impactar.  Procuro trazer exemplos práticos e reais da comunicação da mudança nas empresas para analisarmos em conjunto esse equilíbrio entre eficácia e eficiência, para depois partirmos para exercícios mais criativos. Aliás, esta combinação de análise, pensamento crítico e criatividade é a base pedagógica do programa e, com alguns ajustes ao longo das edições, tem funcionado bem.

NSBE: E que ferramentas levam os participantes deste programa?

RF: Uma parte essencial do programa tem que ver com a autoconfiança, que para mim vem essencialmente do reconhecimento das nossas fragilidades. Parto do princípio de que cada participante terá fragilidades que impactam a sua capacidade de comunicar, porque todos nós as temos. Mesmo aquelas pessoas que comunicam de forma aparentemente segura, sem nervosismo ou dificuldade em falar para grandes audiências, muitas vezes essa autoconfiança deles esconde emoções mais complexas e uma viagem longa de preparação árdua; ou então descobrimos que falar em público não representa um grande desafio, mas uma conversa difícil com um membro da sua equipa causa-lhes noites mal dormidas. Não há ninguém que não tenha desafios de comunicação pessoal. A partilha dos mesmos ajuda cada um a entender que não estão sozinhos, que essas preocupações podem ser trabalhadas ou ser simplesmente encaradas de forma mais saudável.

NSBE: Já sentiu que certas pessoas sentiram desconforto nessa partilha?

RF: Terão que perguntar aos mesmos, mas sei que dos 400 e tal participantes que tive o privilégio de acompanhar nunca encontrei nenhum que não conseguisse verbalizar uma fragilidade de comunicação logo na primeira hora do programa. Aos mais hesitantes, bastou ver quão facilmente os colegas partilharam os seus respetivos desafios para sentirem mais conforto em partilhar. Fingir que somos perfeitos e que não temos medos e preocupações é uma carapaça comum das pessoas nas organizações, e apesar de ser necessária em certas ocasiões, noutras é impeditiva ao desenvolvimento e à autenticidade, e um programa destes pode ser uma oportunidade de baixo risco de nos expormos e de começar a explorar caminhos de desenvolvimento

NSBE: Alguma vez considerou mudar o formato do programa?

RF: Houve edições ligeiramente diferentes em termos de formato, mas o conceito-base, enquanto estiver atraente para os participantes, é para se manter. Dois dias e meio, intensivo ou semi-intensivo, presencial, com audiência heterogénea.

NSBE: Heterogénea, porquê?

RF: Em quase todas as edições tivemos vários líderes c-level, e uma vez surgiu a ideia de fazermos uma edição dedicada só para gestores de topo. Em muitos programas de liderança, isso faz todo o sentido, mas o Comunicar com Eficácia ganha muito em atrair uma audiência heterogénea. A exploração da comunicação nas organizações é mais rica quando refletimos sobre o seu impacto dentro e fora da organização. Depois, aprendermos com o contexto e perspetivas de outros profissionais só enriquece o diálogo: pôr uma diretora financeira de topo numa discussão sobre persuasão com um vendedor de seguros e um médico oncologista traz muita riqueza, e não quero, de todo, perder essa multiplicidade de perspetivas.

É verdade que há momentos em que trabalhamos situações mais específicas que nem todos irão ter que enfrentar nas suas vidas profissionais, como num exercício em que colocamos os participantes numa situação de pressão perante jornalistas, audiências revoltadas ou situações em que têm que justificar publicamente comportamentos ou decisões infelizes. Mas a verdade é que a experiência de sentir pressão para comunicar um assunto difícil sem preparação é rica só por si e transversal a todas as áreas.

NSBE: E novidades para o futuro do programa?

RF: O programa-base manter-se-á enquanto houver participantes interessados, que felizmente é a nossa realidade. Agora, com um grupo considerável e crescente de alumni do programa, temos recebido pedidos para uma versão 2.0. Estamos a trabalhar nisso e espero ter novidades ainda este ano. Pode também haver edições em língua inglesa, com a crescente procura de audiências internacionais na formação de executivos em Portugal.

NSBE: Para finalizar, o que ainda o motiva nesta formação?

RF: Cada edição do programa é uma viagem intensa de aprendizagem para mim. Tiro tanto ou mais de cada edição do que os participantes. Além da atividade como docente convidado da Nova SBE, tenho funções de liderança numa organização complexa, pelo que vivo os desafios de comunicação nas organizações de forma intensa e diária. Conseguir partilhar a minha perspetiva com pessoas que enfrentam desafios semelhantes e diferentes é um prazer enorme para mim e acaba por ser uma experiência rica de aprendizagem mútua.

Saiba mais sobre o programa
Comunicar com Eficácia
Publicado em 
30/3/2025
 na área de 
Liderança e Gestão da Mudança

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