Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) sugere que apenas 10% das empresas estão verdadeiramente preparadas para disrupções na cadeia de abastecimento.
O estudo concluiu que, de 150 empresas, apenas um décimo é capaz de antecipar e recuperar de uma crise a curto prazo e ser resiliente a médio e longo prazo.
A maioria, 90%, está simplesmente a reagir às crises à medida que estas ocorrem, diz o BCG, defendendo que quase todas as empresas “devem aumentar os seus investimentos em áreas/competências que aumentem a sua resiliência”, e acrescenta que “as organizações que investem significativamente podem criar uma forte vantagem competitiva”.
Entre os riscos para os quais as empresas não estão preparadas incluem-se ruturas nas suas próprias fábricas, interrupções no fornecimento por parte dos fornecedores, e riscos externos, como eventos geopolíticos e catástrofes naturais. Como resultado, o BCG diz que quando ocorrem crises, estas organizações “carecem da capacidade de identificar e avaliar rapidamente os riscos, reagir com prontidão e absorver os impactos das ruturas ao longo da cadeia de abastecimento”.
Em resposta, o BCG lançou um quadro de resiliência das operações:
1. ESTABELECER VISIBILIDADE E AVALIAR OS RISCOS
As empresas que querem construir resiliência precisam de ter uma visão clara do inventário entre fornecedores, fábricas, armazéns, fornecedores de logística, e clientes. Tal visibilidade, diz o BCG, permite um planeamento robusto de ponta a ponta e gestão de inventário, facilitando a avaliação rápida dos impactos de potenciais disrupções.
Para estabelecer uma visibilidade total, diz ainda que as organizações devem obter uma visão clara das operações dos fornecedores, até às fontes de matérias-primas, utilizando um mapa de rede sempre ligado para mostrar os fluxos ao longo dos vários níveis.
2. MONITORIZAÇÃO DE EVENTOS E PLANEAMENTO DE CENÁRIOS
As empresas mais rápidas podem reagir numa crise da mesma forma que são mais propensas a obter vantagens na aquisição de materiais ou recursos escassos, diz a mesma fonte. Uma resposta rápida envolve a monitorização de eventos externos que possam ter impacto nas operações ao longo da cadeia de abastecimento, e enviar proativamente alertas de potenciais desvios e interrupções. O planeamento de cenários e planos de resposta a crises são outras sugestões.
3. TER UMA ESTRATÉGIA INTEGRADA DE SOURCING
As organizações devem conceber a sua rede de abastecimento para reduzir pontos únicos de falha, aumentar a redundância de abastecimento, e encurtar a cadeia de abastecimento. O BCG acrescenta que crises recentes demonstraram que o aprovisionamento requer uma estratégia mais integrada do que no passado, e que as organizações precisam de uma boa compreensão dos prazos de entrega dos fornecedores e dos riscos de rutura.
As empresas também “precisam de tomar decisões de sourcing em conjunto com decisões estratégicas de inventário de reserva de múltiplos fornecedores”, acrescenta o estudo. “Os materiais críticos devem estar sempre disponíveis a partir de duas ou mais fontes para assegurar que a capacidade de fornecimento está sempre disponível”, aconselham.
4. PLANEAMENTO E GESTÃO DE INVENTÁRIOS
As empresas resilientes planeiam com a volatilidade em mente. “Implementam estrategicamente o inventário, alocando os seus materiais e produtos mais críticos em múltiplos locais para satisfazer os níveis de serviço ao cliente, ao mesmo tempo que minimizam os níveis de inventário e armazenamento.
E acrescentam: “Ao integrar considerações de resiliência na execução de vendas e operações a curto prazo, bem como no planeamento de vendas e operações a longo prazo, as organizações estão mais bem equipadas para equilibrar o custo, o risco e o capital de exploração”. Por outro lado, as empresas devem desenvolver produtos resilientes, construindo flexibilidade nas especificações de conceção e utilizando componentes normalizados sempre que possível. “Esta abordagem permite substituições mais fáceis e acesso a um maior conjunto de fornecedores ou locais de fabrico. Devem também desenvolver um processo robusto de mudança para que as substituições e os desvios em relação ao projeto/design original possam ser avaliados e adaptados, de acordo com as necessidades”.
Este artigo trata-se de uma republicação no âmbito de uma parceria com a Supply Chain Magazine. Leia o texto original aqui.