(Foto: Jornal de Negócios)
A Nova SBE e a COTEC Portugal juntaram-se como parceiras ao BPI, ao jornal Negócios e à Claranet para lançar a maior iniciativa nacional de reconhecimento e premiação de Inovação em Portugal. O Prémio Nacional de Inovação 2023 vai reconhecer projetos que contribuem para a transformação digital das empresas no país, em junho, mas foi já mote para uma primeira talk sobre “O Impacto do progresso tecnológico no crescimento das organizações”, no dia 1 de março.
A conversa incidiu sobre um dos temas a concurso – tecnologia – que se divide em subgrupos temáticos sobre os quais os participantes podem desenvolver projetos e submeter as suas candidaturas: Inteligência Artificial & Machine Learning, Transformação do Posto de Trabalho, Cloud, Cibersegurança, Tecnologia Sustentável e Web 3.0.
Web 3.0
Afonso Eça, Diretor Executivo do novo Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI e membro do júri do Prémio Nacional de Inovação, subiu ao palco para explicar porque os bancos querem estar à frente no que toca à inovação Web 3.0.
“O que queremos captar com este segmento? Quando falamos em Web 3.0 alargamos também o conceito a metaverso e a um conjunto de fenómenos: tudo o que vemos a passar-se nas realiades aumentadas, imersivas e virtuais”. “Depois, há indústria do gaming. Todos queremos ‘gamificar’ as nossas experiências para torná-las mais atrativas, porque realmente é uma indústria gigante de biliões ou triliões de dólares. Existem muitas iniciativas interessantes que podem surgir nesse género de espaços e temos também as marcas a participar”, começou por explicar o jurado.
“Porque é que um banco se interessa por este tipo de temas? Há aqui uma questão de infraestrutura que é muito interessante, que tem que ver com tudo o que está relacionado com a tecnologia Blockchain, com esta tendência que vemos em alguns espaços de finanças descentralizadas e, portanto, demos aqui vários passos na introdução de um novo tipo de tecnologia financeira, que nos permite um grau de descentralização muito maior e uma gestão do património financeiro de forma diferente. Perceber como as pessoas escolhem guardar a sua propriedade tem imenso impacto. Para o setor financeiro, isto pode ter um impacto enorme, porque num mundo em que a propriedade virtual passar mesmo a ser uma realidade podemos ter uma explosão do número de ativos que cada um de nós tem. E aí vem a questão: onde é que vamos guardar tudo isto? Há uma ideia que nos é incutida desde pequeninos, que é: ‘coisas valiosas são para colocar no banco’. Enquanto instituição financeira, gostava de preservar essa ideia”.
Cloud
Sem a Cloud, empresas como Netflix, ebay, Zoom ou Instagram “provavelmente não existiam”. Quem o garante é Vasco Afonso, Director Executivo da Claranet Portugal. Estes são apenas quatro exemplos de entre milhões de organizações que criaram os seus negócios com base na Cloud.
“ A Cloud veio revolucionar a forma como as empresas fazem negócio. Primeiro, porque hoje estamos à distância de dois cliques de podermos testar novos conceitos e de lançar novos serviços para o mercado que está em constante mudança. A Cloud traz-nos mais agilidade. Permitiu também acelerar o trabalho remoto”.
Esta tecnologia permitiu, de uma forma mais fácil, armazenar e analisar grandes quantidades de dados e, em tempo real, perceber quais são os padrões de consumo dos nossos clientes e as tendências de mercado e sermos mais ágeis naquilo que são as decisões do dia a dia das empresas.
“Além disso, há a questão dos custos: as empresas já não têm de fazer investimentos muito significativos em infraestruturas e hardware, quando podem simplesmente comprar a capacidade de computação ou de armazenamento de que precisam em cada momento. E, finalmente, a grande facilidade é: conseguimos escalar as nossas operações, consoante uma maior procura ou um abrandamento do mercado”.
Transformação do Posto de Trabalho
A pandemia transformou para sempre a forma como trabalhamos. “Antes era impensável trabalhar remotamente”, afirmou Nuno Pedras, Global Chief Information & Digital Officer da Galp, na sua intervenção, garantindo que o mais importante para assegurar que estes novos processos são corretamente implementados nas empresas é a “colaboração”.
“As ferramentas de colaboração hoje passam pelos Office 365, Power Platforms e por muitas outras coisas, mas creio que, cada vez mais, temos de pensar em ferramentas de colaboração que vão otimizar o trabalho das pessoas a níveis superiores daquilo que são as tecnologias para conseguir ter um chat ou o One Note ou o Teams. Cada vez mais temos de pensar como podemos dar o passo para conseguir antever ou antecipar as necessidades e implementar coisas ainda antes de as pessoas pedirem”.
Tecnologias sustentáveis
Carlos Leite, CEO da HP Portugal, relembrou que é fundamental investir em tecnologia sustentável, porque “o tema da sustentabilidade é muito relevante para todos nós, não só porque contribui para o benefício do universo, mas aquilo que representa para o negócio. Há um estudo que foi publicado no Fórum Económico Mundial em 2021, feito pela Accenture, que indicou que as empresas que apostam na sustentabilidade têm duas vezes e meia maior probabilidade de sucesso do que aquelas que não o fazem”.
“A sustentabilidade é um catalisador de negócio”, acrescentou, sublinhando que as companhias que investem em sustentabilidade são de facto reconhecidas e há muitas pessoas que optam por comprar “a uma empresa que se preocupa com a sustentabilidade do que a uma que não o faz”.
A tecnologia é essencial para este tipo de avanço, porque pode ajudar a tornar os negócios mais sustentáveis, reduzindo emissões de CO2, evitando o uso de papel, mas também, com a utilização da Cloud, por exemplo, “saber em tempo real se precisamos de fazer um scale up ou scale down”.
Cibersegurança
António Gameiro Marques, Diretor-Geral do Gabinete Nacional de Segurança, focou a importância da cibersegurança, num mundo em que as ameaças virtuais se tornaram num evento diário para as empresas, porque “fazer negócio com as melhores práticas de cibersegurança é um promotor de confiança”.
“O que é que aprendemos com os ciberataques do ano passado? As entidades que foram atacadas e que estavam preparadas recuperaram mais facilmente e não perderam informação”, declarou, garantindo que a chave para implementar medidas que garantam a cibersegurança é o conhecimento: “Estamos absolutamente convencidos de que se não capacitarmos as pessoas não vamos lá”.
Além da necessidade de instruir todos os elementos de uma equipa, é preciso criar um ambiente colaborativo entre empresas, partilhando práticas e informações.
Inteligência Artificial & Machine Learning
“Há uma necessidade imperativa de inovação. Só se inovarmos é que vamos sobreviver”, alertou Paulo Dimas, Vice-presidente de Inovação e Produto da Unbabel.
No entanto, é sabido que existe uma grande mortalidade das start-ups “porque o ritmo de adoção de tecnologia é cada vez mais vertiginoso” e é necessário utilizar bem tecnologias exponenciais para que os novos negócios tenham sucesso. Com tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning “temos de pensar como é que conseguimos usá-las e o que vem depois”.
Além disso, “há a necessidade de haver uma IA responsável, tanto ao nível de accuracy, mas também ao nível do bias. Por exemplo, no Google Translate, ‘doctor’ é sempre traduzido para ‘o médico’ e ‘nurse’ para ‘enfermeira’.
Quer saber mais sobre as apresentações e a iniciativa? Assista ao vídeo abaixo: