O penúltimo dia da Nova SBE Sustainability Journey teve lugar esta quinta-feira, no campus de Carcavelos. Os mais de dez momentos de partilha e reflexão partiram do mesmo mote: é preciso unir esforços para garantir uma sociedade mais sustentável e implementar uma mudança radical nas organizações.
Deixamos-lhe alguns highliths das sessões desta quinta-feira:
“O futuro do trabalho? Vamos fazê-lo juntos!”
A primeira sessão do dia contou com a participação de Paula Marques, Director for Business Transformation da Nova SBE Executive Education, e Katrien Buys, Director of Strategy, Innovation & Sustainability do Grupo Ageas Portugal, num debate sobre o futuro do trabalho. Ambas concordaram que, sejam quais forem as próximas etapas, as organizações vão necessitar de adotar dois princípios: colaboração e mudança.
“O que quer se faça, não deixem ninguém para trás”, começou por dizer Paula Marques, acrescentado que é necessária uma alteração sistémica na forma como se ensina e aprende as competências relevantes para os cargos do futuro – porque todos os trabalhadores vão necessitar de transversalidade e flexibilidade. Para além destas duas características, precisarão de abertura à diversidade de ideias, para atingirem melhores resultados e maior crescimento: “Temos de contratar pessoas que pensem de forma diferente da nossa. Mudar de opinião chama-se aprender”.
Já Katrien Buys defendeu que nas organizações deve existir um comportamento que apelidou de “colaboração radical”: “Sozinhos não sabemos nada. A chave é o que o coletivo pode fazer para resolver as grandes questões da Humanidade”.
“Cumprir estritamente o que está na lei não é suficiente”
“Às vezes há uma certa tendência de os clientes quererem saber a que é que estão obrigados. Cumprir estritamente o que está na lei não é suficiente”, afirmou Assunção Cristas, Head of the Environment Practice Area e ESG Integrated Services Platform na VdA e Professora da Nova School of Law, partilhando o palco do debate sobre Governance, Ethics and Legal, com Duarte Pitta Ferraz e Duarte J. Pitta Ferraz, ambos docentes na Nova SBE.
Assunção Cristas ressaltou ainda que os boards das empresas “têm de dizer onde querem estar”, porque as questões da sustentabilidade “vão para lá do que é obrigatório”: “Quem não for assumindo estas posições, vai ficar fora do mercado”.
“Até agora, as decisões sempre foram tomadas muito à volta do dinheiro”, declarou Duarte J. Pitta Ferraz, sublinhando que as organizações devem ter em conta questões sociais e ambientais. Duarte Pitta Ferraz acrescentou que os boards devem também conter mais diversidade, não só de sexo, mas também de idade e nacionalidade, para que possam tornar-se mais eficazes, e deixou ainda a nota de que “há uma grande curiosidade [sobre os temas da sustentabilidade nas organizações], quando neste momento já devia haver níveis muito mais exigentes em termos de sustentabilidade”.
“As cadeias de fornecimento devem passar por uma transformação fundamental”
“Como podemos incorporar a sustentabilidade nas cadeias de abastecimento?” – Eduardo Moura, Deputy Director of Sustainability na EDP, dirigiu a pergunta aos participantes que assistiam à sessão Supply Chain and Sustainable Operations e foram desafiados a pensar coletivamente sobre os dilemas de sustentabilidade no setor.
“As cadeias de fornecimento devem passar por uma transformação fundamental”, disse Pedro Caldeira, speaker convidado da Nova SBE Executive Education, frisando que, “primeiro, precisamos de injetar pensamento estratégico numa visão de 360º”. Depois, é preciso falar sobre pessoas e inovação e fornecer novas competências aos gestores.
“Temos de parar com todo o green washing”
As Sustainable Collisions Talks, organizadas pelo Nova SBE Innovation Ecosystem, tornaram a ter sala cheia, desta vez para debater os compromissos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas. O painel contou com oito oradores, que deixaram duras críticas aos critérios que definem o que é afinal uma empresa sustentável, numa sessão que ficou marcada pela expressão “green washing”:
“Há uma brecha na regulamentação, porque só há seis critérios [para determinar se uma organização respeita os ODS] […] Não existem empresas verdadeiramente ESG compliant. Devemos parar com todo este green washing”, afirmou João Bernardo Silva, da Morais Leitão.
“Estamos a fazer o suficiente? Será que compliance tem que ver com mudança? Precisamos de medir como os produtos e serviços das empresas estão realmente a impactar a vida dos consumidores”, acrescentou Luís Amado, Country Partner da B-Corp Portugal, durante a sua intervenção.
Como podem os dados contribuir para a transparência nas organizações?
Os dados têm tudo a ver com os ODS. Quem o garantiu foi Tiago Azevedo, Chief Information Officer da OutSystems, que sublinhou que os benefícios de uma estratégia de dados são inúmeros: vão desde o aperfeiçoamento da experiência do consumidor até à transparência de informação, das métricas e dos resultados – tema que está na ordem do dia e que é representado no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16.6: “desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes a todos os níveis”.
No entanto, no que diz respeito a métricas relacionadas com sustentabilidade, grande parte das organizações ainda se encontra com um reporting aquém do esperado para alcançar os ODS, muito devido à falta de literacia digital necessária para recolher e implementar estratégias de dados. Nicole Fortunato, Managing Associate na Morais Leitão, acrescentou que, sobre este tópico, a estratégia europeia para os dados já apresenta uma resposta (ou parte dela) para promover esta recolha.