Temos, no nosso país, inúmeros exemplos de empresas – grandes, médias, pequenas e start-ups – que têm sido capazes de compreender a importância de inovar para encontrar a viabilidade económica da sustentabilidade e do impacto positivo.

Num mundo cada vez mais consciente da importância da sustentabilidade, as empresas enfrentam uma crescente pressão para alinhar os seus objetivos estratégicos e de negócio com o bem-estar do planeta e das pessoas.

Neste momento, o imperativo da sustentabilidade e do impacto positivo claramente é associado às ideias de responsabilidade e de ética – é a coisa certa a fazer. No entanto, esta premissa não nos tem garantido a velocidade, escala e impacto de que necessitamos para enfrentar os grandes desafios sociais e ambientais que ainda temos pela frente.

É preciso mais. O desafio da consciencialização está ganho, mas o do negócio ainda não, e enquanto não formos capazes de encontrar os casos de negócio certos, não seremos capazes de convencer as empresas a adotar – por defeito – produtos, serviços, processos e modelos de negócio sustentáveis e orientados ao impacto positivo.

A sustentabilidade é ainda percebida como dispendiosa, incapaz de escalar ou inconveniente. É tratada, por isso, nas empresas, como um tema de compliance ou deixada sob domínio da responsabilidade social e ambiental.

Pode ser o meu viés profissional, mas só vejo um caminho para ultrapassar essa espécie de dilema entre proteger o planeta ou a empresa e os seus trabalhadores e acionistas: a inovação.

A inovação é o catalisador mais poderoso para a sustentabilidade. Se não sabemos se os clientes estão disponíveis para pagar mais caro por propostas de valor sustentáveis, temos de encontrar, então, novas formas, tecnologias e processos para baixar esse custo. Para tal, precisamos de inovar.

Se temos receio de evoluir para produtos, serviços, processos ou modelos de negócio mais sustentáveis, porque podemos colocar em causa a nossa quota de mercado, então temos de encontrar uma estratégia que possa garantir uma transição equilibrada, justa e economicamente sustentável. Para tal, precisamos de inovar.

Se não sabemos se o talento que temos está preparado para nos assegurar esta transição, então é fundamental sermos capazes de requalificar as nossas pessoas e ser atrativos para recrutar novo talento. Para tal, precisamos de inovar.

Se temos receio de todas as normas, regulamentações e obrigações que o Governo e a Comissão Europeia estão a desenvolver para a nossa indústria, então temos de ser capazes de antecipar o seu impacto e garantir que aceleramos a nossa adaptação. Para tal, precisamos de inovar.

Temos, no nosso país, inúmeros exemplos de empresas – grandes, médias, pequenas e start-ups – que têm sido capazes de compreender a importância de inovar para encontrar a viabilidade económica da sustentabilidade e do impacto positivo.

A Valerius que, através de um projeto 360 graus, está a endereçar o desperdício têxtil durante a produção; a Miranda Bike Parts, com a sua iniciativa de sustentabilidade, que lhe permite ser a empresa do setor do cycling mais sustentável a nível mundial; a Adalberto, pela sua participação no megaprojeto europeu de economia circular, ou a Sogrape, com o seu investimento em transformação digital e agricultura de precisão, a enfrentar o impacto das alterações climáticas e a garantir uma gestão mais eficiente dos recursos naturais.

A The Reef Company, com os seus eco-recifes capazes de regenerar a vida nos oceanos é outro exemplo de sucesso, bem como a Noocity, que promove a agricultura urbana através de hortas biológicas nas empresas; a Nãm, que cria cogumelos que se alimentam de resíduos de café, num modelo de economia circular; a Amorim, com os seus brinquedos Korko e o seu balanço de carbono negativo (entre várias outras inovações) e a Bondalti, com investimentos massivos em tecnologias e áreas de sustentabilidade – água, hidrogénio, lítio.

E tantos e tantos outros exemplos que poderia mencionar…

A inovação tem sido o mais importante acelerador da sustentabilidade e impacto positivo. Através da investigação e desenvolvimento, de novas estratégias, do desenvolvimento tecnológico e de novos modelos de negócio que estão verdadeiramente a transformar a forma como é criado valor para a sociedade e para o planeta. Naturalmente que ainda não há casos perfeitos. Ainda não foi encontrado o equilíbrio perfeito entre viabilidade e sustentabilidade. O comportamento dos consumidores ainda apresenta traços de inconstância e volatilidade e os ecossistemas ainda não sobrevivem sem novos recursos naturais.

Mas este é o caminho. E não tem retorno.

Neste ano de 2024 (onde a palavra de ordem parece ser “estagnação”), para o qual as empresas se têm preparado através da contração dos seus investimentos, importa não desinvestir na inovação para a sustentabilidade. O desinvestimento em 2024 terá impactos significativos – atrasos no desenvolvimento tecnológico, na transição energética, na neutralidade carbónica, na inclusão e justiça social – que serão irrecuperáveis.

Em suma, aqueles que souberem manter investimentos inteligentes em inovação para a sustentabilidade em 2024 estarão, a curto, médio e longo prazo, na linha da frente não apenas na proteção do planeta e na criação de uma sociedade mais justa, mas também na criação de novos negócios e propostas de valor que vão gerar maior rentabilidade e longevidade a médio e longo prazo.

Inovar para a sustentabilidade é, em 2024, demasiado arriscado? E não o fazer, não será um risco ainda maior?

Este texto trata-se de uma republicação de um artigo publicado na Exame - leia-o aqui.

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Publicado em 
26/8/2024
 na área de 
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