A pandemia do COVID-19 gerou uma crise económica global sem precedentes num curto espaço de tempo, com impactos que também atingiram aquele que é considerado por muitos como o principal polo de inovação, tecnologia e empreendedorismo do mundo, Silicon Valley. Entretanto, morando por aqui há mais de 5 anos arrisco a dizer que as maiores empresas de tecnologia já estavam “preparadas” com antecedência para esta crise.
E

elas podem ser as grandes vencedoras desta pandemia global. A procura pelos seus serviços online explodiu entre pessoas e empresas num cenário de quarentena global. Compramos na Amazon, assistimos a programas ao vivo no Facebook, armazenando cada vez mais fotos no iCloud da Apple, enquanto procuramos receitas de panificação no Google.

Coletivamente, Facebook, Microsoft, Apple, Amazon e Alphabet representam quase 40% do valor de mercado da Nasdaq. E estes cinco gigantes da tecnologia estão a contratar centenas, senão milhares de colaboradores, apenas na Califórnia. A COO do Facebook, Sheryl Sandberg, comunicou recentemente à CNBC que o gigante de social media de Menlo Park pretende contratar 10.000 pessoas, ainda este ano, na área de produtos e engenharia.

Importa por isso refletir sobre as lições que podem ser retirar das empresas de Silicon Valley para capturar vantagens competitivas, num contexto económico em desaceleração.

1. Foco na Expansão

Conversei com alguns especialistas, empreendedores há mais de 20 anos, para compreender a sua visão sobre os impactos económicos desta pandemia em Silicon Valley. Todos foram enfáticos ao afirmar que esta desaceleração económica, em particular, está a favorecer as gigantes com reservas de caixa, pois permite-lhes enfrentar a queda temporária de receita enquanto se focam na expansão dos seus mercados.

Tomemos, por exemplo, o mercado de livestream, que está a explodir agora, devido à pandemia. As ofertas do Facebook para este mercado incluem o Messenger e, mais recentemente, o Messenger Rooms, que permite que até 50 pessoas conversem ao mesmo tempo no mesmo canal. Estas frentes foram aceleradas pelo Facebook, numa ótica de expansão.

A Microsoft, apenas no LinkedIn (que detém), possui quase 300.000 empregos em todo o mundo no momento da publicação deste artigo. A Amazon contratou 175.000 pessoas para a sua rede de atendimento e entregas desde o início da pandemia. Atualmente, a Amazon está à procura de mais 3.000 pessoas, somente na Califórnia.

E, para além dos nomes mais sonantes de Silicon Valley, também as empresas médias de tecnologia, estão a contratar:

A VMware, empresa de software com sede em Palo Alto, tem mais de 300 vagas na Califórnia e mais de 1.400 em todo o mundo. O vice-presidente de aquisição de talentos da empresa escreveu recentemente: “Os nossos esforços de contratação estão focados no suporte às cinco prioridades estratégicas da VMware: Modernização de Aplicativos, MultiCloud, Rede Virtual Cloud, Espaço de Trabalho Digital e Segurança Intrínseca”. A Intel, com sede em Santa Clara, publicou mais de 700 empregos no seu site, dos quais mais de 70 são baseados também na Califórnia.

Segundo a Joint Venture Silicon Valley, a taxa de desemprego preliminar de março, de 3,1% em Silicon Valley, representou um aumento acentuado em relação à taxa de fevereiro, mas ainda é significativamente menor do que na crise financeira de 2009, quando o desemprego atingiu 10,5%.

Uma desaceleração é um bom momento para investir em pessoas – por exemplo, para atualizar as competências das suas equipas de gestão. A competição entre as melhores pessoas no mercado será menos acirrada, com uma disponibilidade maior destes talentos e com um custo correspondentemente menor.

2. Investir para o futuro

Os investimentos feitos hoje em áreas como desenvolvimento de produtos e tecnologia da informação ou produção, em muitos casos, só darão frutos após o fim desta crise económica. Esperar para avançar com esses investimentos pode comprometer a sua capacidade de capitalizar oportunidades quando a economia recuperar. E o custo desses investimentos será menor agora, à medida que a competição por recursos diminui.

Dadas as restrições financeiras atuais e considerando que as nossas empresas não estão “sentadas” em 200 milhões de dólares de ativos líquidos como a Apple, poderá não ser possível fazer tudo ou mesmo a maioria das coisas que desejam e precisam. Mas isso não as deve impedir fazer algumas apostas. Priorize as diferentes opções, protegendo os investimentos que provavelmente terão um grande impacto na saúde da sua empresa no longo prazo, adiando aqueles com resultados positivos menos certos e abandonando os projetos que seriam “nice to have”, mas que não são cruciais para o sucesso futuro.

Veja o exemplo da própria Apple que acabámos de mencionar. A empresa não estava em boa forma quando entrou na recessão de 2001-2003, a sua receita caiu 33% em 2001, em relação ao ano anterior. No entanto, a Apple aumentou os seus gastos com pesquisa e desenvolvimento em 13% nesse mesmo ano, e cresceu cerca de 8% em vendas, contra menos de 5% em 2000.

O resultado: a Apple lançou a loja de música e o software do iTunes em 2003 e o iPod Mini e o iPod Photo em 2004, iniciando um período de rápido crescimento para a empresa. A história de hoje já todos conhecem, mas poucas pessoas associam o valor de mercado de 1 trilião de dólares aos investimentos feitos pela companhia em plena recessão de 2001.

As empresas que adotarem a abordagem abrangente não estarão apenas mais bem posicionadas para enfrentar a tempestade atual, mas também preparadas para aproveitar as oportunidades emergentes da turbulência e obter uma vantagem competitiva à medida que as nuvens escuras se começarem a dispersar.

Este artigo é uma republicação no âmbito da parceria entre a Nova SBE Executive Education e a Startse » Leia o artigo original

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Publicado em 
8/10/2020
 na área de 
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