Só nos falta saber “quando” e “como” pôr tudo aquilo que temos ao serviço dos outros. Isto é “Give Back” ou “Dar de volta”. E como podemos fazê-lo?
Winston Churchill dizia: “We make a living by what we get, but we make a life by what we give”. Quando tanto nos é dado, é natural que queiramos “devolver” à sociedade. Hoje é evidente que o voluntariado de competências tem impacto e alcance global - social, pessoal e empresarial. Quando as empresas se envolvem no give back to society, alargam o seu networking, empoderam os seus colaboradores e isso contribui para a sua boa reputação - é uma ótima ferramenta de marketing para a empresa (Forbes, “The importance of Giving Back”, 2022, Dave Cantin, Chairman & CEO Dave Cantin Group). Para as pessoas, “dar de volta” significa ganhar um novo propósito, ter um sentimento de realização adicional.
Neste processode dar de volta, de trocar e partilhar, todos beneficiam. Os voluntáriospartilham as suas boas práticas de gestão, as suas competências e o seu tempocom as organizações sociais, mas recebem de volta vivências únicas, decompetência humana, motivação e superação pessoal, áreas nas quais asorganizações sociais são verdadeiramente líderes.
Mas podem também os executivos disponibilizar valências e operacionalizar voluntariado? Sim, através do Liderança Social para Gestores, um programa da Nova SBE, em parceria com o BPI e a Fundação “LaCaixa”, que ajuda a identificar executivos do setor privado que possam e queiram ter um papel ativo no mundo das organizações sociais. De uma forma organizada, sistematizada e efetiva.
De acordo com o Eurobarómetro Especial do Parlamento Europeu 75.2 (2011), 24% dos europeus exercem algum aatividade, regular ou ocasional, em regime de voluntariado, repartindo-se este número equitativamente entre homens e mulheres. Esta tabela é liderada pelos Países Baixos, onde cerca de 57% adultos contribuem regularmente como voluntários. Portugal, de acordo com o mesmo estudo, conta com o contributo de cerca de 12% da sua população adulta, seguido da Polónia com 9%, que encerra a lista.
Depende de cada um de nós alterar este cenário, alimentando uma nova cultura de voluntariado ativa, transmitindo às próximas gerações a importância do seu contributo enquanto cidadãos ativos.
Dar de volta é a escolha a fazer. É uma escolha certa. Mas nem todos sabem quando e como começar. Imagine que trabalha numa empresa, ou que já trabalhou, que tem anos de experiência acumulada, que procura novos desafios e um propósito a acrescentar à sua vida. “Agora” é o “quando”. Nem amanhã, nem daqui a uns meses. É “agora”.
E “como”? Existem várias possibilidades quanto à forma para dar o seu contributo. Cada um deve escolher a que melhor se adapta ao seu perfil, à sua disponibilidade e aos seus propósitos. Para apoiar os executivos e os encaminhar na sua jornada de voluntariado, o programa de formação da Nova SBE aborda temas como o enquadramento e conhecimentos específicos no setor da economia social, o governance, quadro jurídico, fundraising, medição de impacto, entre outros.
Em três simples etapas, os executivos iniciam a sua jornada:
1. Learn: formação teórica, que visa dotar os executivos do setor privado do enquadramento adequado sobre o setor da economia social
2. Apply: o programa prevê a participação e o testemunho de organizações sociais que partilham as suas boas práticas e a visita dos participantes a uma organização social
3. Engage: no final do programa será feito o acompanhamento dos participantes enquanto membros de um conselho consultivo numa organização social
Desde 2020, o programa tem crescido e criado laços com a sua comunidade: conselheiros e mentores, organizações sociais, redes sociais, academia e empresas. Atualmente, é lecionado na Nova SBE e na Católica Porto Business School, com o objetivo de ser um programa abrangente e expandir-se a todas as geografias do país. Conta já com mais de 200 participantes, e destes, 100 integraram conselhos consultivos de organizações sociais, contribuindo com o seu voluntariado de competências, com as suas experiências e com o seu network.
Porque todos podemos contribuir para o futuro da Liderança Social em Portugal, e porque acreditamos que criando pontes entre as organizações sociais, a academia e as empresas, contribuímos para a implementação de modelos de gestão modernizados, eficientes e sustentáveis, e, acima de tudo, adequados para o setor da economia social. Esperamos por si!
Este artigo é da autoria de Maria Castro e Almeida, Consultora e Member of the Board do Inclusive Community Forum na Nova SBE, e de Rita Diniz, Gestora do programa Liderança Social para Gestores, Leadership for Impact – Knowledge Center na Nova SBE.