Num mundo marcado pela mudança acelerada - na legislação, na concorrência, no contexto competitivo, na tecnologia e na própria delimitação do mercado –, em que quase tudo é questionado, não basta ter sido bem-sucedido no passado para assegurar sucesso no futuro. Neste contexto, o desenvolvimento e utilização de ferramentas de Cenários são particularmente úteis, permitindo a geração de hipóteses e a simulação de soluções.
Embora a crescente utilização e procura por processos de Planeamento e Pensamento por Cenários já estivesse a acontecer antes, a COVID-19 acelerou a perceção da mudança e das disrupções latentes. Pela forma como são construídos e utilizados nos processos de estratégia, de inovação e de tomada de decisão, os Cenários ”convidam” as organizações a considerarem diferentes futuros, plausíveis e relevantes, na sua tomada de decisão no presente. Assim, permitem simular futuros, percecionar riscos e oportunidades em diferentes futuros e como as opções estratégicas do presente podem ser adaptadas para chegar aos resultados pretendidos.
Um processo de desenvolvimento e utilização de Cenários deve ter sempre quatro características:
1) Objetivos claros – os projetos podem ter como objetivo ser “apenas” exploratórios, focados na sensibilidade à mudança e em objetivos essencialmente ligados à aprendizagem organizacional e à sensibilidade estratégica; ou podem ser mais decisionais, encontrando uma forma de gerar, estruturar e ancorar numa ou em várias imagens de futuro, um conjunto de decisões ou iniciativas do presente. Diferentes objetivos implicam tipologias muito diferentes de projetos, incluindo metodologias, processos de participação e de monitorização diversos.
2) Metodologia sólida – não é suficiente juntar à volta de uma mesa um conjunto de pessoas inteligentes e conhecedoras do tema. Para que possam refletir, decidir e trabalhar em conjunto é necessária uma linguagem partilhada que sustente o processo. Um método comprovado (com resultados demonstrados pela literatura) confere não só a linguagem referida como permite dividir o processo num conjunto de passos-chave conducentes à definição estratégica e tomada de decisão.
3) Conhecimento relevante sobre o foco do processo (contextual e transacional) – os processos de nada valem se não tivermos conhecimento sobre o desafio e o foco que estamos a abordar. É essencial envolver pessoas conhecedoras, abertas a perspetivas diferentes. É necessário mobilizar não só conhecimento especializado, mas também conhecimento mais generalista e integrador, explorar informação future-oriented, relatórios, etc.
4) Envolvimento de decisores-chave – é essencial envolver “pessoas-chave” da organização no processo. São estas pessoas que não só disponibilizam os recursos necessários e validam as decisões finais, mas também, e sobretudo, cujo alinhamento será fulcral para a ação
Na Nova SBE, criámos uma formação que vai ao encontro desta necessidade e que vai já na sua quinta edição. No programa Cenários & Estratégia Empresarial vamos além da teoria e da experimentação: criamos uma verdadeira comunidade que aborda a construção de cenários e imagens de futuro de uma forma integrada. De facto, além de uma simulação completa de um projeto de construção de Cenários (desde a definição do foco até à ação/estratégia), organizamos palestras com convidados e atividades relacionadas com o futuro e incluímos o próprio campus na experiência.