A CSRD, juntamente com o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR) e com o Regulamento da Taxonomia (Regulamento 2020/852), constituem as componentes centrais dos requisitos do novo framework de reporting de sustentabilidade da UE. As novas regras exigem a apresentação de relatórios de sustentabilidade e vão aplicar-se às grandes empresas, assim como às PMEs cotadas. Para as empresas não europeias, todas as que geram um volume de negócios líquido de 150 milhões de euros na União Europeia (UE) e que tenham pelo menos uma filial ou sucursal na UE que exceda determinados limiares têm de fornecer um relatório de sustentabilidade. O relatório deve declarar os seus impactos ambientais, sociais e de governação, tendo em conta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
“As medidas serão adotadas em diferentes tranches”, explicou Elena Palomeque Pozas, Policy Coordinator DG FISMA na Comissão Europeia (CE), sendo que os primeiros passos serão dados já em 2023. A CSRD foi criada para tornar as áreas de reporte “comparáveis de uma forma sistemática, com o objetivo de tornar a informação divulgada pelas empresas comparável e confiável”, acrescentou, depois de explicar pormenorizadamente todas as dimensões da nova diretiva.
Para a CE, os mercados financeiros necessitam de acesso à informação ambiental, social e de governação que seja fiável, relevante e comparável para que o capital privado possa ser canalizado para o financiamento da transição verde e social. As medidas apresentadas parecem apontar um fim ao greenwashing, mas há quem acredite que poderá até exponenciar o problema.
“Esta diretiva é sobre reporting. Este é um meio para um fim, não é um fim, e pode levar a mais greenwashing no sentido em que as empresas só precisam de focar-se nas caixinhas que devem marcar”, afirmou Filipe Alfaiate, Professor Associado de Impacto e Sustentabilidade na Nova SBE, acrescentando que o problema é que muitas empresas continuam a negar uma visão central e estratégica ao tema da sustentabilidade. “Por outro lado, se as empresas assumirem a diretiva enquanto ferramenta de redefinição estratégica, e não apenas enquanto uma checklist, será possível fazer da diretiva um instrumento que impulsiona a forma de actuar das empresas na gestão de projetos e de negóciosna sua cadeia de valor”.
Já Ana Catarina Rovisco, Head of ESG Relations – Environment na Jerónimo Martins, afirmou ter uma “perspetiva positiva” sobre a CSRD, mas alertou que “esta diretiva é apenas uma pequena peça entre as coisas que as empresas vão ter de fazer para provar que são sustentáveis”.
Tiphaine Dureau, Equity Analyst na Nordea Asset Management, que também fez parte do painel de debate, disse que este é um passo positivo para perceber o risco financeiro que as empresas podem enfrentar se não apostarem na sustentabilidade, porque estas medidas vão “torná-las mais competitivas a longo prazo”.
O debate contou ainda com a moderação de Rita Rendeiro, Operating Partner na Maingreen Capital Partners e Cofundadora da Women in ESG.
Saiba mais sobre este tema no artigo redigido pelo professor Filipe Alfaiate, publicado no Jornal de Negócios.