E, agora, acresce um futuro incerto de uma guerra de grandes dimensões na Europa.
No passado, como é sabido, os investidores e as empresas aproveitavam para se expandir para os mercados globais, das finanças liberalizadas e dos baixos impostos sobre as empresas. Mesmo antes da covid-19, esta caricatura dos mercados de trabalho fraturado estava errada. Hoje, à medida que a economia emerge da pandemia, a inversão do “capital” sobre o trabalho virá mais cedo do que se pensa. Será um confronto Capital versus Trabalho.
A perceção pública de como é fácil encontrar um emprego já recuperou para níveis que demorou quase uma década a atingir após a crise financeira global. E, mesmo na Europa, que sofre uma quarta vaga de infeções, e uma guerra sem quartel, o mercado de trabalho está a superar as previsões à medida que as economias se adaptam às medidas de contenção de vírus. À medida que o mercado de trabalho recupera, estão a desenrolar-se duas mudanças profundas: na política e na tecnologia. Comecemos pelo ambiente político, que se está a tornar mais amigo dos trabalhadores do que tem sido há décadas. Um primeiro sinal de mudança foi o aumento do salário mínimo durante o ciclo económico anterior. Em relação aos salários médios, aumentaram mais de um quarto na OCDE, um clube de países maioritariamente ricos, ponderado pela população. Um sinal de grande transformação social.
A segunda grande mudança no mercado de trabalho é tecnológica. Na pandemia, os profetas duplicaram as previsões de infortúnios do mercado de trabalho a longo prazo. O futuro do trabalho mudou para melhor este ano, porque se tornou mais digitalizado. O trabalho remoto está a aliviar o estrangulamento de habitações caras em cidades prósperas. Os trabalhadores em home working reportam níveis mais elevados de felicidade e produtividade.
E veio para ficar num mundo em enorme mudança. Por isso é necessário promover a felicidade das organizações fomentando uma cultura de partilha e unidade empresarial.
A produtividade também pode ser desacorrentada através do alargamento do acesso às oportunidades. Os governos têm a responsabilidade de garantir o acesso meritocrático à educação e oportunidades suficientes para a reconversão digital. No futuro vão derrubar estas barreiras à entrada, tais como regras desnecessárias de licenciamento profissional: está a caminho um novo modelo de negócio, mais digital e transfronteiriço. Este será o futuro. Como também a paridade de género. No ano de 2021, no Estado de Nova Iorque, o salário das mulheres ultrapassou o dos homens, o que prova que na Grande Maçã o equilibro de rendimentos é uma realidade e um exemplo para o mundo.
Está a formar-se uma nova vaga, para uma Economia mais social e integrada, na qual a tecnologia e o blockchain terão que ser bem aproveitadas, pois podem desempenhar positivamente um papel decisivo no futuro da humanidade.