O que é que é responsabilidade social? O que é criar impacto positivo? Porque devem as empresas fazê-lo? E qual o papel da inovação em tudo isto? Estas foram algumas das perguntas a que Anne-Laure Fayard, Professora Catedrática na Nova SBE, e Jwana Godinho, fundadora do Access Lab & It’s About Impact, tentaram dar resposta num debate moderado por Paula Oliveira, fundadora da now-on consulting e Board Member no Lisbon Project, no dia 22 de janeiro.

Às vezes o impacto social acontece porque se está a fazer uma coisa bem feita consistentemente”, afirmou Paula Oliveira, fazendo uma retrospetiva do debate Close Encounters – From Puropose to Impact, promovido pelo Nova SBE Innovation Ecosystem.

Uma das conclusões que sublinha é que a “innovation for innovation sake”, como discutiu Anne-Laure Fayard, é uma tendência preocupante, uma vez que causa um “buzz de estar sempre a fazer alguma coisa nova”, mas essa novidade pode não ser necessariamente útil para uma mudança de paradigma, especialmente quando falamos em organizações do setor social. “Porque, algumas vezes, uma transformação social pode demorar décadas”. E pode até ser prejudicial se o planeamento for negligenciado:

“Antes de pensar na inovação e na solução, é preciso fazer uma análise holística e sistémica da situação, para que se conceba uma resposta inovadora, mas que não tenha consequências negativas noutras áreas. Como exemplo temos a exploração de lítio no país. Apesar de haver uma necessidade maior de baterias para produtos elétricos, a atividade mineira tem consequências nocivas para o ambiente e para as pessoas que moram em redor da exploração. A questão é complexa, mas podemos começar a explorar o problema da seguinte forma: qual o problema que estamos a tentar resolver? Será que precisamos de mais carros ou de transportes públicos melhores? Se produzirmos mais carros, qual a melhor forma de fazê-lo? Queremos carros elétricos movidos a bateria ou investimos mais no hidrogénio? Qual o impacto social e ambiental disto?”

A moderadora do debate sublinhou ainda que é preciso ter atenção quando se fala de impacto positivo, porque “pode ser diferente para cada pessoa”. Há três questões que devem ser respondidas para aferir se uma inovação ou um negócio tem o potencial de causar impacto:

1.       Quais são as necessidades do mundo?

2.       Qual o propósito da organização e quais as reais capacidades de implementar a mudança?

3.       Como esta inovação pode ajudar a solucionar o problema?

Sobre este último ponto, Paula Oliveira acrescentou também que devemos entender quem está a atuar na mesma área, pois a solução pode passar por colaborar com outras iniciativas e organizações. Muitas pessoas a tentarem fazer a mesma coisa sem um propósito claro podem até deixar tanto o consumidor como os acionistas confusos. Portanto, no que toca à inovação, é importante “mostrar valor a todos os stakeholders”, incluindo, também, os acionistas e financiadores, como discutiu Jwana Godinho. Isto porque ainda se prioriza muitas vezes o retorno financeiro sobre um investimento, que deve ser justificado para que alguns projetos possam avançar. Este pode ser um verdadeiro desafio à inovação social, especialmente para organizações que dependem de bolsas e doações, pois nem sempre é fácil demonstrar impacto.

No entanto, é necessário ter algum cuidado com esta necessidade, porque facilmente se pode cair numa de duas armadilhas: o overclaiming e o underclaiming. O primeiro, trata-se do famoso “greenwashing”, que se dá “quando se influencia o consumidor, cliente ou a sociedade a achar que se está a comportar de uma determinada forma, mas na realidade não se está exatamente aí”, afirmou Paula Oliveira. O underclaiming pode ser igualmente nefasto, porque “há várias empresas que estão a fazer trabalhos maravilhosos, mas como percebem que há mais a fazer, acabam por não dizer nada, perdendo a possibilidade de influenciar o seu setor”.

Para enfrentar todos estes desafios, a moderadora lembra que a educação tem um papel fulcral para nortear estas questões. “Ningém sabe tudo. Os problemas são extremamente complexos e quanto mais existe este tipo de debates, melhor. A Academia tem um papel importante no desenvolvimento de um sistema sustentável”.

 

A próxima edição do Nova SBE Innovation Ecosystem Close Encounters realiza-se no dia 14 de fevereiro, incidindo sobre o tema “Gestão de Equipa: Maximizando a Produtividade e o Bem-Estar no Local de Trabalho”. O evento vai contar com Maurício Bueno, confundador da Bud.

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Publicado em 
13/2/2023
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