Ainda há menos mulheres do que homens a ocuparem cargos de liderança. É uma afirmação inegável e que se prende, em grande medida, com fatores culturais e históricos, com os quais ainda nos debatemos nos dias que correm. Mas esta é uma tendência que não se vai perpetuar no tempo.

As empresas já estão despertas para as questões das desigualdades de género e muitas têm tentado colmatar o desequilíbrio, muito porque perceberam que a diversidade é essencial para a organização. Tanto homens como mulheres são necessários para manter uma empresa equilibrada e sã. É preciso fazer algo a que chamamos “balanceamento de poder”. E as mulheres, em geral, têm características que podem fazer delas excelentes líderes.

Ainda assim, a liderança feminina ainda não é uma realidade em grande parte das empresas e devemos perguntar-nos porquê. Como é que existem tantas mulheres nas organizações, mas tão poucas em cargos de Liderança? Como é que o talento feminino se vai perdendo pelos patamares da pirâmide hierárquica, se estudos apontam que até há mais mulheres a saírem das faculdades e muitas delas até estão melhor preparadas tecnicamente?

Há várias explicações para este fenómeno. Em primeiro lugar, a razão mais óbvia: o equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Em todas as sociedades, mas sobretudo nas latinas, como a nossa, o papel maternal é essencial à estrutura familiar. Estatisticamente, as mulheres também acabam por trabalhar mais horas em casa, o que implica que depois de um dia de trabalho ainda têm de fazer um “part-time” para terminar as lides domésticas.

Depois, existem questões históricas e sociais, que passam muitas vezes pela educação que todos tivemos. Muitos temos preconceitos, mesmo sem nos apercebermos, enraizados no nosso desenvolvimento e cabe-nos educar melhor e mais conscientemente os nossos filhos. Também a questão do networking é mais fácil para os homens, o que faz com que as mulheres sejam menos lembradas na hora de ascender profissionalmente.

O essencial é perceber que esta falta de oportunidades não se trata nunca de alguma lacuna nas competências técnicas. Regra geral, as mulheres estão superpreparadas. O que normalmente falta são as soft skills, a crença de que são capazes de cumprir o desafio, a coragem para falar, a disposição de estarem em meios muitas vezes ainda dominados por homens. Este é um trabalho que temos vindo a desenvolver na Nova, através de programas como o Promova, desenvolvido em parceria com a CIP – Confederação Empresarial de Portugal, e o Women’s Leadership Program, criado em parceria com a StartSe University.

Para impulsionar as lideranças femininas é preciso aceitar e tirar proveito das diferenças que existem entre homens e mulheres e dar a oportunidade de todos poderem contribuir da mesma forma, a partir de um lugar igual. Do lado das mulheres, é necessário assumir protagonismo, não ter receio, poderem expressar-se e almejar os seus objetivos e conquistas, quaisquer que sejam as suas escolhas de carreira. Os homens devem permitir esse salto, dar espaço e reconhecer que do outro lado há um ganho.

Por exemplo, tipicamente, as mulheres são mais fortes em competências que envolvam as dimensões emocionais e sociais e tendem a ser mais sensíveis e empáticas. Estas são potencialidades que podem melhorar os locais de trabalho e favorecer boas práticas de liderança.

Só fomentando a diversidade e garantindo que todos temos a possibilidade de contribuir de forma complementar, respeitando a essência de cada um, é que podemos contribuir para a construção de um mundo mais coletivo e próspero.

Já conhece o
Women's Leadership Program?
Publicado em 
8/3/2023
 na área de 
Liderança & Pessoas

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