A proposta da Catarina Holstein e da Mafalda Paiva Chaves, coordenadoras do programa Adam’s Choice, convidava ao desenvolvimento de “uma experiência de aprendizagem para executivos que fosse ousada e disruptiva” e que, acima de tudo, conseguisse responder ao desafio de “humanizar a liderança”.
Como criar uma experiência capaz de transformar os participantes do programa Adam’s Choice em líderes mais humanos?
O que significa ser humano?
Significa ser vulnerável?
As obras de arte poderiam ser as coisas mais vulneráveis do mundo (se pudessem falar).
E se fosse possível transformar seres humanos em obras de arte?
As perguntas pedem respostas ou pedem mais perguntas. As perguntas levantam questões que podem ficar a ressoar durante muito tempo. As pessoas - habitualmente - não fazem muitas perguntas. No entanto, quando um artista cria uma obra de arte, passa - regra geral - por um período de grande questionamento. Com este espírito de curiosidade em mente, foi desenvolvido um “Manual da Obra” - guião - com perguntas íntimas ou “difíceis”, intercaladas com outras mais espirituosas ou aparentemente leves.
O dia da inauguração da exposição pode ser dividido em três momentos. Por ordem cronológica, depois da minha apresentação, segue-se um tempo de conhecimento mais aprofundado entre os participantes e, finalmente, a Exposição. Uma surpresa final seria a visita aos bastidores, se assim o sentíssemos interessante ou complementar.
A minha introdução foi pensada para que todos os momentos da experiência se interligassem entre si de forma justa. Assim sendo, o controlo deste primeiro momento foi imediatamente dado aos participantes que decidiram livremente o que gostavam de saber sobre mim, fazendo as perguntas que quiseram. Expus-me, “dando o exemplo” para o que aconteceria mais tarde, acreditando que desta forma a confiança no que se seguiria aumentava, mesmo que inconscientemente.
Os executivos foram depois desafiados a fazer uma escolha – “perguntar” ou “responder”.
Formaram-se pares com escolhas diferentes para seguir o guião que os levaria a uma viagem pessoal e introspetiva passando por medos, alegrias, vida e morte, vinho tinto ou branco.
Quando regressaram, foram recebidos com a frase – “Sejam bem-vindos à vossa EXPOSIÇÃO”. Ao entrar na Galeria Adam’s Choice – uma sala de aulas da Nova SBE transformada em galeria de arte – podiam observar dois pedestais brancos, no centro da sala, com dois focos de luz apontados para o lugar onde, dentro de momentos, as futuras obras de arte estariam em EXPOSIÇÃO.
Par a par, sobem para os pedestais, transformando-se em obras de arte iluminadas. O participante que escolheu fazer as perguntas e que ouviu o outro, apresenta agora a obra que tem ao seu lado, através das suas respostas. Ao participante que escolheu responder e, portanto, passou o seu tempo a falar, cabe-lhe agora ouvir a sua própria “apresentação”. Trocam-se assim os “papéis” – quem escolheu “falar” vai agora “ouvir” e vice-versa.
O que sentimos quando não conseguimos controlar tudo?
Todos os participantes passaram pela experiência, partilhando e ouvindo atentamente – “como se só existisse aquele momento” – as diferentes respostas às mesmas perguntas. Dos pedestais, ouvimos apresentações e respostas dedicadas, curiosas, comoventes e, acima de tudo, vulneráveis. Humanas.
No final, os bastidores da exposição foram abertos à visita, dando a conhecer o processo de pensamento por trás deste momento único no tempo e no espaço. Em exposição, estava um mapa com o percurso mental de criação e/ou as perguntas que foram feitas desde o primeiro contacto até à concretização de Adam’s Choice em EXPOSIÇÃO.