epois de um legado de derrotas em fases decisivas e de um golo da Grécia que levou a taça para fora do país em 2004, é compreensível que o golo de Éder não parecesse suficiente quando ainda faltavam 11 minutos de um jogo de 120. Eu estava no aeroporto à espera de um voo, rodeado de uns tantos portugueses que, como eu, nunca pensaram que Portugal chegasse à final.
Mas o que mudou?
Se olharmos para as grandes organizações, há 3 coisas que fazem e que têm sempre feito. Quer falemos da General Electric nos anos 80, da Microsoft nos anos 90 ou da Google em 2000, há 3 coisas que lhes deram vantagem no marcador:
1. Ter clareza estratégica;
2. Implementar com rigor e disciplina;
3. Construir uma cultura de alto desempenho.
O mesmo se aplica à seleção portuguesa.
Antigamente, a seleção nacional tinha um estilo de jogo que entretinha os adeptos, mas faltava consistência e, por isso, campeonatos. Hoje, a equipa parece saber exatamente o que fazer para ganhar: defender primeiro e esperar por uma oportunidade de golo. A realidade é que temos avançados eficazes que conseguem fazer a diferença em segundos, mas primeiro é preciso garantir que a bola não entra na nossa baliza. Esta clareza estratégica é fundamental para se obter resultados. 1
Como todos sabem o que precisam de fazer, os jogadores seguem a tática à risca, implementando-a com rigor e disciplina. Por isso, quando assistimos a um jogo de Portugal no campeonato do mundo, reparamos que, no momento em que a equipa adversária está a atacar, os jogadores se posicionam atrás da linha da bola, com o objetivo comum de anular a jogada do adversário. Neste ponto, é preciso também agradecer ao capitão, Cristiano Ronaldo, por ser um líder que inspira a equipa pela sua disciplina incontestável e método de trabalho rigoroso. 2
Finalmente, da equipa técnica aos jogadores, todos dão o seu melhor diariamente, promovendo uma cultura de alto desempenho. Todos trabalham para o mesmo resultado, tentando aperfeiçoar o seu papel individual com a estratégia em mente. A realidade é que o percurso da seleção portuguesa foi tudo menos fácil durante o Euro 2016, mas o foco permitiu-lhes ultrapassar o menos bom. 3
No ínicio, os portugueses queixavam-se que era um jogo “feio”, que Portugal não era capaz de ganhar em 90 minutos e que “no tempo do Eusébio é que era”. Depois, surge a vitória que nunca soube tão bem! E essa vitória só foi possível porque o selecionador nacional conseguiu analisar os recursos que tinha e desenhar a tática de acordo com os seus pontos fortes e os seus pontos fracos, dando aos jogadores o que falta a 99% das empresas: clareza estratégica.
Fernando Santos parece ter mudado a história da seleção portuguesa ao levar a clareza estratégica para campo, ao motivar para a disciplina e ao ser objetivo nas críticas, levando a uma cultura de alto desempenho. E isto parece provar que o que funciona para as empresas, funciona para o futebol.