Mas, afinal, o que é a liderança servidora?
“Um líder servidor está, sobretudo, motivado em ajudar e contribuir para que os outros se desenvolvam e sejam mais autónomos. Portanto, há uma preocupação com o outro evidente. É a preocupação principal”, explicou-nos o professor, que acrescentou que este tipo de liderança “assegura o bem-estar das pessoas, tenta que estejam no seu melhor, e isso motiva-as também. Afinal, o bem-estar mental é uma das grandes preocupações de hoje. Por outro lado, é uma liderança que dá espaço, mais responsabilidade e autonomia e contribui para o impacto social”.
Esta forma de liderar ganhou terreno e especial relevância durante a pandemia, porque “nesta altura em que tudo está a ser questionado – modelos de negócio, formas de trabalhar, estratégia, geopolítica – nada melhor do que nos recentrarmos no que é, de facto, essencial”:
“Aproveitar a crise permanente em que estamos e questionarmo-nos sobre o papel que queremos ter e o tipo de líder que queremos ser”.
Este modelo, no entanto, não nega “a necessidade de sermos duros também”, garante Milton de Sousa. Esta visão paradoxal do papel do líder deve encapsular estes dois universos e apenas reforça o seu papel dentro da organização - e não só: pode ser um importante fator de atração e retenção de talento.
“Já não basta ser uma grande empresa, com tradição e, até, uma boa oferta de remuneração. As pessoas querem cada vez mais [ser lideradas por] alguém que as desafie, inspire e lhes dê espaço para crescer. Esta liderança permite isto e, portanto, é um bom instrumento para reforçar a nossa competitividade enquanto empregador”.