o lado da Nova SBE, a investigação contou com a liderança do Digital Experience Lab (DEL), do investigador e professor João B. Duarte, e o apoio da Nova Junior Consulting e Alunos de Mestrado de Business and Economics. O documento “O Caminho para um Portugal Biónico: A maturidade digital do tecido empresarial em Portugal” teve por base mais de mil empresas nacionais, de 15 setores diferentes.
De acordo com o Digital Acceleration Index (DAI), criado pela BCG para avaliar o estágio de maturidade digital do tecido económico de um país com base no nível atual e desejado de digitalização das suas empresas, foi revelado que Portugal se encontra no segundo de quatro níveis de maturidade digital, consolidando-se como “Digital Literate”, abaixo da média europeia, que está no patamar “Digital Performers”. A nação ainda está longe do título de “Digital Leader”, o nível mais elevado da escala.
Estes dados tornam-se especialmente relevantes, uma que a investigação concluiu que existe uma relação direta entre a maturidade digital, a produtividade e o nível salarial nas empresas.
Digitalização, produtividade e Remuneração
O investimento na transformação digital é um fator de aceleração e maior produtividade para a economia portuguesa. Olhando para a relação entre a maturidade digital reportada pelas empresas e os indicadores de desempenho, observa-se que as empresas mais maduras são as que oferecem melhores salários aos seus colaboradores e também as mais produtivas. Cada ponto DAI adicional é, em média, acompanhado de um aumento de 1,5% do salário médio, e explica estatisticamente um aumento de 2% na produtividade das empresas.
Para além disto, por cada nível de maturidade digital incrementado numa organização, a produtividade, em média, dispara 50%, o mesmo para os salários, que sobem 37%. Conclui-se ainda que as empresas com maior maturidade são também as que mais investem no digital.
“O DAI permitiu criar a maior e mais completa base de dados sobre a maturidade digital da economia portuguesa, nomeadamente dos seus agentes, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, a operar no país. É fulcral que as empresas continuem a participar neste tipo de iniciativas, porque só assim conseguimos ter dados claros sobre algo que estamos a constatar que tem um impacto grande na produtividade. Há ainda um segundo ponto relevante: temos de trabalhar para reduzir o gap, face ao benchmark europeu, nomeadamente, sermos capazes de conseguir traduzir estratégias em ações, que tornem as organizações mais centradas em dados e cliente, e menos em produto e intuição”, sublinhou Duarte Silveira, Head of The Digital Experience Lab da Nova SBE.
Outras conclusões relevantes
A pandemia impactou de forma muito significativa o tráfego online no retalho, uma vez que a necessidade de ficar casa forçou muitos a aderirem aos canais digitais. O estudo revela que se registou um aumento de 61% no setor alimentar e 47% na banca, nos períodos pré e pós confinamento de março de 2020.
As conclusões mostram também que são as médias empresas a liderar a transformação digital. As pequenas e microempresas são as que enfrentam maior resistência e dificuldades neste processo, sendo “importante ajudá-las a fazer um step-up da sua maturidade digital”, salientou José Ferreira, Diretor-geral da BCG, durante a apresentação do relatório.
As empresas dos setores de indústria alimentar e comércio (grossista e retalho), são as que dispersam nos estágios de maturidade. Já as que operam nos setores de IT, media, telecomunicações (TMT) e serviços lideram a digitalização. Por sua vez, os setores de TMT e hotelaria e turismo podem ser comparados com padrões internacionais, estando bem posicionados numa ótica de competitividade internacional, enquanto pelo contrário, a construção e as indústrias pesadas estão na cauda da maturidade digital.
Estas diferenças setoriais dão-nos “uma indicação de que não há um problema estrutural”, “porque em Portugal há muito pouca capacidade de liderar e de estar à frente do futuro. E quando não se lidera numa transformação destas, está-se a reagir. E quando estamos a reagir, já estamos atrasados”, afirmou Daniel Traça, Dean da Nova SBE. “É preciso virar as lideranças para o futuro. E isso é algo que é culturalmente difícil, porque nós somos um país que reage, mas péssimo a planear. E isto é algo que, num ambiente de mudança acelerada em que devemos estar sempre a pensar no futuro, é um handicap extraordinário. É preciso trabalhar lideranças e fazer de Portugal um centro de talento não só português, mas também internacional.”