A indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em Portugal encontra-se num ponto de inflexão significativo, impulsionado principalmente pela ascensão da Inteligência Artificial (IA) Generativa. Este novo paradigma tecnológico tem capturado a atenção global, não só pela sua capacidade disruptiva, mas também pelo seu rápido crescimento e adoção. Com efeito, o impacto da IA Generativa no mercado nacional promete transformar não só as operações das empresas, mas também os modelos de negócio e toda a nossa economia.
Mas a IA Generativa não emergiu de um vácuo, é o resultado de uma década de investimentos substanciais em várias tecnologias emergentes. Esta evolução é largamente apoiada pela terceira plataforma tecnológica, que inclui tecnologias como cloud computing, medias sociais e dispositivos móveis. Essas inovações permitiram uma explosão de novos dados, tanto estruturados quanto não estruturados, criando um terreno fértil para o avanço da IA.
Com a transição das organizações para o negócio digital, o resultado foi uma enorme quantidadede novos dados digitais: estruturados, semiestruturados e não estruturados. Veja-se, por exemplo, o volume de novos dados gerados pela indústria biotecnológica à medida que foram surgindo registos de saúde eletrónicos inovadores e sequenciação de ADN. Em todos os setores económicos verificamos uma trajetória digital semelhante, em que os dados estarão à disposição da IA Generativa para aumentar o trabalho e simplificar as operações.
É neste contexto que a rápida adoção da IA Generativa está a fazer com que a IA passe de um elemento de software “embrionário” para uma tecnologia de base no centro das organizações. Acreditamos que a adoção da IA Generativa irá proporcionar os mesmos (se não melhores) tipos de ganhos que vimos nos pioneiros digitais (quatro vezes o crescimento das receitas e cinco vezes a rentabilidade), e isto irá acontecer de forma acelerada. E para se manterem competitivos, todos os líderes empresariais terão de desenvolver uma estratégia de IA para abordar os principais casos de uso, a política de utilização, propriedade intelectual, inclusão de dados, custos, segurança e implementação da IA Generativa.
Mas como é que a IA Generativa pode criar valor para a minha organização?
Na perspetiva da IDC, o impacto da IA Generativa é enorme, mas exige a priorização de um conjunto identificado de casos de uso, ou seja, uma iniciativa financiada pelo negócio, suportada por tecnologia, que entrega um resultado mensurável. E neste contexto podemos definir três tipos de Casos de Uso de IA Generativa que precisam ser avaliados em função do seu impacto a curto, médio e longo prazo.
Impacto a curto prazo: Casos de Uso de IA Generativa para aumento da Produtividade
Os Casos de Uso para aumento da produtividade serão aqueles que mais impacto terão no curto prazo. Estão alinhados com as tarefas de trabalho atuais, como resumir um relatório, gerar uma descrição de trabalho ou gerar código de software. Estas funcionalidades para melhoria da produtividade já estão a ser incorporadas em aplicações existentes de produtividade e já estão a ser utilizadas por mais de 50% das empresas –incluindo aqui ações concertadas na organização ou apenas a utilização individual por um colaborador.
Impacto a médio prazo: Casos de Uso de IA Generativa para uma Função
Os casos de uso de função empresarial terão ainda mais impacto do que os casos de uso para aumento da produtividade, mas numa perspetiva mais a médio prazo, porque tendem a integrar um modelo (ou vários modelos) com dados corporativos para a transformação de um departamento inteiro ou função específica (marketing, vendas, aquisições, etc.). Muitas organizações estão a testar esses tipos de casos de uso, mas estão preocupadas com o risco ao nível da propriedade intelectual e governança de dados. Estes casos de uso de função empresarial requerem integração com aplicações e plataformas empresariais estabelecidas de fornecedores ERP, RPA, etc.
Impacto a longo prazo: Casos de Uso de IA Generativa para uma Indústria
Os casos de uso por indústria serão os mais disruptivos, mas o impacto será mais a longo prazo porque requerem mais trabalho personalizado (e, em alguns casos, pode até exigir a construção de modelos próprios de IA generativa). Exemplos incluem a descoberta de fármacos generativos no setor da saúde, o design de materiais generativos para a indústria, o desenvolvimento de novas formas gestão e transmissão de energia, etc. E tem como potencial criar grandes disrupções e ser uma fonte de criação real de valor empresarial para grandes empresas que consigam reunir, individualmente ou com o seu ecossistema, um conjunto suficientemente grande de dados e treiná-los e potenciar a descoberta de novos produtos e serviços.
Neste contexto de rápida evolução e disrupção tecnológica, é fundamental que os líderes empresariais adotem nas suas organizações uma cultura de aprendizagem contínua e desenvolvam competências digitais, assim como desenvolvam e atualizem regularmente as suas estratégias e roadmaps de transformação digital, ou caso já tenham incorporado o digital no negócio, que atualizem as suas estratégias de negócio tendo em conta o impacto da IA Generativa.