Falámos com o Professor Ricardo Zózimo, para perceber em que medida este programa pode ajudar as empresas a transformarem o mundo, a sociedade e a economia.
Quais são os grandes desafios a que a Pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável pretende responder?
Penso que toda a gente sabe que o mundo está a mudar, a tornar-se mais sustentável, a desenvolver toda uma competência ao nível da sustentabilidade que não existia antes. Sobretudo ao nível das empresas, está a haver uma grande transformação para uma política mais responsável e sustentável, eesta pós-graduação vem responder a essa grande viragem, na qual as empresas precisam de alinhar aquilo que fazem, o que são, a forma como fazem e se ligam com o mundo, com esta perspetiva mais sustentável. Esta pós-graduação vem também responder aos desafios das empresas e das comunidades que têm de fazer esta transição para um mundo e para práticas mais sustentáveis.
Quais são os riscos de as empresas não atuarem para mitigarem estes problemas?
O maior risco é o da inação, de as empresas, sem saberem o que fazer, não fazerem nada. E essa é uma das grandes questões da nossa pós-graduação, com a qual vamos explorar não só aquilo que tem de ser feito, mas onde é que estão as oportunidades. Esta é a parte central da nossa approach à questão da sustentabilidade: olhá-la como uma grande oportunidade de desenvolvimento das organizações, e não como algo que é custo ou risco. Assim, existe uma grande diferença de expectativa entre o que podemos dizer sobre sustentabilidade.
Nós vemos a sustentabilidade como um mar de oportunidades que se vai apresentar às empresas, que muitas organizações já estão a aproveitar, e sobre o qual é possível capitalizar. Para isso, é importante que cada participante que venha para a pós-graduação traga consigo as suas empresas, os seus exemplos, as suas experiências, desenvolvendo, a partir do seu contexto, soluções para problemas reais das suas empresas. Portanto, o risco da inação é mitigado ao olhar a sustentabilidade como vetor de oportunidades e não como vetor de custo. É um vetor que nos permite ir mais além.
É possível atingir o desenvolvimento sustentável – social, ambiental e económico – sem prejudicar os lucros de uma empresa?
É, claro que sim. É preciso ter uma perspetiva de oportunidade, perceber que a sustentabilidade, e a maneira de fazer sustentabilidade, vai mudar a forma de operar no mercado. Mas isso não quer dizer que a empresa vá ter mais custo, quer dizer é que a empresa vai ser transformada e que essa viragem, provavelmente, vai necessitar que se invista, no princípio, mas que o reconhecimento, os lucros, e aquilo que vem a seguir, vai ser superior ao investimento. Claro que as organizações estão habituadas a fazer negócio de uma determinada forma e essa mudança vai exigir que as organizações mudem não só o seu mindset, a forma de fazer negócio, mas também a perspetiva sobre a qual as pessoas veem o seu próprio negócio.
Deixem-me dar um exemplo: os bancos vão ter de mudar radicalmente o seu modelo de negócio. Com a taxonomia da União Europeia, os bancos vão ser obrigados a ter um portefólio de empréstimos mais sustentável, a contratar empréstimos com empresas que têm mais políticas ambientais, sociais e económicas, melhores empresas para o planeta. Ao mudar a forma como fazem o financiamento da economia, as próprias empresas vão ter de se adaptar – isto não vai ser custo, vai ser uma oportunidade. Vão existir bancos que financiarão projetos sustentáveis a custos que nunca seriam possíveis para projetos não sustentáveis. Claramente há aqui uma oportunidade para fazer evoluir a forma de trabalhar das empresas e as suas próprias práticas.
Pode descrever-me um pouco o programa desta pós-graduação?
Num momento inicial, ativamos o conhecimento que cada participante traz, percebendo o contexto que o levou a juntar-se a esta pós-graduação. Depois, desenvolveremos conteúdos centrais na área da gestão, da sustentabilidade, na maneira de ver o mundo. Queremos desenvolver também participação cruzada, juntando várias formas de olhar para os problemas do mundo, para a participação das empresas e a experiência e os conhecimentos que cada um traz, para que todos possamos resolver, juntos, os problemas de sustentabilidade.
É a partir daqui, destes módulos centrais, que cada participante poderá começar a fazer uma viagem de aprendizagem mais individualizada. Oferecemos, então, três percursos: um que se foca nas questões mais sociais e da comunidade; outro, nas questões mais económicas; e um terceiro que se centra nas questões mais ambientais. Estes três percursos, apesar de separados, na realidade, tocam-se, porque o mundo só pode resolver estes problemas se olhar para estas três dimensões da sustentabilidade. Mas, cada um dos participantes, fará uma experiência muito contextualizada e ligada ao problema que trouxe, aos desafios que a própria organização tem pela frente.
Porque é que é imprescindível fazer esta pós-graduação, tendo em conta o contexto atual?
Esta pós-graduação é um acelerador. Vai acelerar o desejo de construir um mundo melhor. Por isso, é imprescindível fazer esta pós-graduação se acreditarem que precisam de ferramentas para acelerarem as vossas empresas e construírem um mundo melhor.
Uma pós-graduação é também um momento de sair da zona de conforto. Esta pós-graduação conta com várias pedagogias ativas: não terá só um professor a ensinar, mas sim um professor que facilita, vai ao encontro do participante, pega em casos concretos e ajuda a perceber como é que esses casos concretos têm a ver com as organizações e empresas de cada um. Utilizaremos ao longo da pós-graduação, muitas pedagogias ativas para trazer aquilo que todos sabem para o centro e construir a partir daí. Não vai ser só uma experiência de ouvir, vai sobretudo ser uma experiência de participar, pôr em comum, descobrir novas soluções a partir daquilo que cada um traz.