e (apesar de improvável e trabalhoso) criar o seu próprio projeto ainda está nos seus planos, precisa de garantir que o faz pelo motivo certo. Muitas vezes, avançar pelas razões erradas pode condenar o projeto desde o primeiro dia, arruinando a motivação do fundador e de todos os seus seguidores. Para evitar erros que tantos outros cometeram, vou enumerar 5 pecados mortais que se destacam nas (pouco divulgadas, mas amplamente mais instrutivas) histórias de falência.
1. Quero ser o meu chefe porque vou ter mais liberdade
Infelizmente, quem conhece empresas de sucesso sabe que os primeiros anos (às vezes a primeira década!) requerem um esforço fenomenal de atenção e de detalhe que faz com que tenhamos pouco tempo livre. O nosso chefe passa a ser a nossa equipa, os nossos clientes, o nosso banco, os nossos fornecedores e tudo o que envolve a realidade da nossa empresa. O fim das férias surge, assim, como consequência direta.
2. Quero ganhar dinheiro depressa
Qualquer projeto de sucesso precisa normalmente de mais dinheiro do que calculámos, durante mais tempo do que pensámos e com resultados que demoram mais tempo a surgir do que planeámos. Há exceções, e vão sempre existir exceções, mas a realidade é que muitas empresas com potencial de sucesso falham por falta de financiamento e liquidez durante os primeiros anos de vida. Por isso, é fundamental ser muito conservador na gestão financeira durante a génese do projeto. Neste contexto, se o motivo pelo qual está a começar a sua empresa é para ganhar dinheiro depressa, lembre-se que ser empreendedor implica viver com muita frugalidade no início.
3. Quero trabalhar com os meus amigos
Na criação de uma empresa, muitos empreendedores contratam as pessoas possíveis e não as pessoas certas. Investem pouco tempo em recrutamento, e ainda menos na análise e na construção de processos de recrutamento que ajudem o projeto a prosperar. O preço é altíssimo e será pago com atenção, controlo e oportunidades perdidas. A realidade é que escolher as pessoas certas é muito provavelmente a segunda coisa mais importante, logo depois de assegurar dinheiro suficiente para a sobrevivência da empresa.
4. Sou capaz de contornar os meus valores éticos para salvar a minha empresa
Durante os primeiros anos da vida de uma empresa, vão surgir situações em que somos confrontados com decisões de valor ético e moral duvidoso, porque acreditamos que a sobrevivência do nosso projeto é mais importante do que qualquer outra coisa. A experiência diz-me que estas são as decisões pelas quais mais tarde, vamos pagar muito caro e, por isso, é essencial enraizar os valores e o propósito que levaram à criação da empresa. Manter o nosso código ético irá assegurar que temos sempre as “certezas” necessárias para lutar nos dias difíceis.
5. Celebrar o primeiro ano mais do que o nono
Temos todo o direito de celebrar o dia de criação da empresa, desde a escolha do nome e do desenho do logotipo ao nosso primeiro escritório. Mas lembrem-se que é muito fácil criar empresas: hoje em dia leva uma hora. Difícil é, dez anos depois, ver que a empresa ainda existe e está a crescer, com a certeza que a esperam mais dez anos de vida. Ser um founder é fácil, ser um builder é difícil. Por isso, têm todo o direito de celebrar no início, mas na minha opinião, devem celebrar verdadeiramente só a partir do oitavo ou nono ano de existência.
Lição a retirar
Se vai criar uma empresa para ser o seu próprio chefe e ter liberdade, para ficar muito rico rapidamente, para trabalhar com os seus amigos, para gastar dinheiro como lhe interessar e está disposto a abdicar dos seus valores para manter o seu projeto… é melhor manter o seu emprego, porque criar uma empresa pode não ser para si.