A 7ª edição traz várias novidades e mudanças – quem o garante é Silvia Rodriguez, Diretora-executiva Conferências do Estoril, que nos explicou como está a ser desenhado o novo capítulo do evento focado nos grandes desafios globais.
Qual é o grande objetivo das Conferências do Estoril e quais as grandes novidades deste ano?
Este ano há uma transformação em relação às edições passadas: vamos passar a ter um diálogo mais intergeracional, um discurso mais inclusivo, trazendo os jovens para as Conferências, como participantes e agentes ativos, com maior peso do que nas edições passadas. Alguns na figura de Youth Ambassadors, que têm vindo a apoiar na construção de um programa alinhado com as suas perspetivas e preocupações para o futuro. Outros estão ligados a start-ups e ONGs, estando no centro do debate, e ainda há os que vão participar como moderadores de algumas sessões.
Com esta edição temos também a ambição de trazer um diálogo mais internacional, numa perspetiva de posicionar o debate ao nível das escolas de gestão – e isto também é uma novidade. A ligação estratégica que a Nova SBE tem com a rede CEMS também permite um debate que envolva outras escolas de gestão do mundo, num diálogo que é comum a todos enquanto responsáveis por formar os futuros líderes, e como forma de levar a discussão para fora, deixando de estar centrada apenas em Portugal.
E estas alterações também se refletem nos temas que vão ser abordados?
A verdade é que as edições passadas sempre trouxeram temas ligados à atualidade e aos desafios do mundo, mas sob o lema “global challenges, local answers”. Agora, queremos projetar as respostas e soluções aos problemas atuais de uma forma global e não apenas local e numa perspetiva de ação e compromisso com o futuro com iniciativas e projetos aos quais pretendemos dar continuidade após a conferência, numa ótica de liderar com impacto para um mundo melhor. Como escola de gestão estamos a formar os jovens que, mais cedo ou mais tarde, vão entrar no mundo do trabalho e liderar empresas. Por isso é que temos de focar-nos num diálogo numa perspetiva muito mais de liderança. Em vez de termos um tema central, face aos eventos recentes, como a pandemia e a guerra que se iniciou este ano, é importante abranger todas as temáticas sobre um tema central – O Reequilíbrio do Nosso Mundo. Agrupámos os grandes desafios da atualidade por três temas – pelo Planeta, pela Pessoas e pela Paz -, para englobar neles as preocupações que assolam todas as gerações, não apenas os jovens que estão no mercado de trabalho ou a sair das universidades, mas também os líderes atuais que mantém muitas preocupações pelo que o futuro aparenta antecipar, e que em alguns casos não vão estar nas mãos deles, mas nos próximos líderes.
Há oradores a destacar nestes três temas?
No tema pelo Planeta vamos contar com o Bertrand Piccard, um explorador e especialista na temática das alterações climáticas, que já identificou mais de mil soluções para o mundo atuar nesta área, o que, portanto, traduz que não há falta de respostas, mas falta de vontade ou interesse em avançar para estas soluções.
Destacamos também a vinda de duas oradoras provenientes de populações indígenas, uma do Equador e outra do México. Por exemplo, a Helena Gualinga terá de se deslocar em canoa da sua própria casa para poder chegar a uma cidade, apanhar o autocarro e chegar a um aeroporto, para voar até Lisboa. Trazemos pessoas que vêm diretamente destas populações para nos trazerem uma perspetiva diferente sobre o impacto das alterações climáticas no mundo e na natureza, que a grande maioria das populações que vivem nas grandes cidades parece não ver da mesma forma.
Na vertente pelas Pessoas destaca-se, por exemplo, a April Rinne, que quer passar-nos oito superpoderes para conseguirmos sobreviver e continuar a liderar em momentos de caos e grande incerteza que hoje está mais do que vigente. Também o Lee Crockford, australiano, que tem vindo a trabalhar muito temas como a inclusão e a saúde mental. E destaco também a presença de vários deans de outras escolas de gestão, para um debate sobre o futuro da educação e o futuro das escolas de gestão.
Na parte política e de Paz há nomes muito fortes, como Francis Fukuyama, um dos maiores e mais influentes pensadores de ciência política, a Anne Applebaum, historiadora que antecipou o conflito que hoje vivemos na Europa, e, na sessão de encerramento, Roberta Metsola, Presidente do Parlamento Europeu, que vem apelar aos jovens para fazerem parte do diálogo, puxando-os para participarem nas áreas governamentais e políticas, que precisam cada vez mais de pessoas e de gestores que sejam realmente capazes de liderarem as organizações do futuro de uma forma mais humana.
A edição deste ano vai ser um marco para definir o que as Conferências do Estoril vão passar a ser no futuro? Qual o balanço das últimas edições? As Conferências do Estoril vão ser muito diferentes do que foram até agora?
Eu quero acreditar que sim. Acho que com a Nova SBE a liderar um projeto destes, com toda a projeção internacional que tem, com todas as ligações e parcerias, tem um caminho para desenhar a seguir a esta edição que marca a viragem das Conferências do Estoril. Um novo capítulo na história da marca – envolvendo os jovens, numa estratégia internacional de ação e impacto, e as escolas de gestão ao serviço do mundo.
O objetivo desta edição não passará apenas por debater os desafios e problemas, mas mostrar caminhos e soluções possíveis e reais que permitam atuar depois da conferência, num processo de cooperação para a ação. Acredito que este projeto inserido numa escola de gestão, irá permitir trabalhar lado a lado com os parceiros e empresas, bem como alunos e professores, para transformar as soluções e respostas aos desafios que enfrentamos em ações concretas.
Com esta edição iremos também dar continuidade à criação de uma comunidade de pessoas envolvidas e empenhadas em transformar o mundo, não só os oradores das últimas seis edições, mas também todos os novos oradores que trazemos para esta edição e membros dos conselhos consultivos que criámos e com quem queremos continuar a trocar sinergias. E esta comunidade está realmente disponível para ajudar e criar pontes para os passos seguintes, pois acredita no projeto e ambição que desenhámos para o futuro das Conferências do Estoril.