No panorama atual das Operações, as empresas enfrentam desafios sem precedentes. Não basta apenas gerir operações; é fundamental saber reinventá-las. A chave para a competitividade reside na agilidade e na cultura de inovação contínua; para isso, o domínio de conceitos e ferramentas das Operações é incontornável.
O atual contexto tecnológico está a revolucionar a forma como as empresas compram, transformam e distribuem os respetivos produtos ou serviços. Com os desafios atuais surgem também novas exigências na configuração do talento, nomeadamente no campo tecnológico e literacia digital, bem como na análise de processos e problem solving.
Se, durante décadas, os modelos tradicionais de comando e controlo das operações resultaram numa Era de relativa estabilidade e previsibilidade, hoje isso já não é possível. As razões são evidentes: a crescente complexidade logística - quer por via da interdependência das cadeias globais de abastecimento, quer por via da volatilidade na procura - conjugada com um contexto de rápido avanço tecnológico a par da convergência de obstáculos macroeconómicos e geopolíticos, geradores de forte instabilidade.
Neste contexto, não há outra solução se não trazer para as Operações das nossas empresas os novos elementos de competitividade. O domínio multidisciplinar das Operações é fundamental para a competitividade de qualquer organização.
Exemplos como o Machine Learning (ML) que tem vindo a revolucionar os níveis de serviço da logística, através da gestão inteligente de stocks e armazéns, com base num entendimento profundo dos dados do consumidor e das particularidades do global sourcing.
Ou a Inteligência Artificial (IA) e o Big Data Analytics, que suportam a análise de grandes volumes de dados, identificando tendências emergentes e contribuindo de forma significativa para as Operações e consequente melhoria do time-to-market.
Igualmente, novos sistemas de Automação e Robótica que permitem acelerar os processos de produção e embalagem, com otimizações consideráveis na fabricação e disponibilidade de produtos.
Estes são apenas alguns exemplos de processos inovadores, utilizando a tecnologia ao serviço das Operações, que influenciam diretamente a capacidade de antecipar, atender e superar as expectativas do mercado, e que por isso, são fundamentais na competitividade das organizações e da economia nacional.
A competitividade nas Operações resulta da capacidade de integrar eficazmente várias áreas multidisciplinares e da sua performance combinada, desde o domínio da economia à engenharia, ou desde a matemática ao marketing. Para além do conhecimento endógeno das empresas (interno – produto, processos, produção) é fundamental desenvolver o conhecimento exógeno (externo - mercado, tecnologias, tendências). Apenas assim é possível identificar oportunidades e desenvolver soluções inovadoras para a própria empresa e para os consumidores (from the seed to need).
Os executivos têm de estar preparados para a atual mudança de paradigma. Temos também de voltar a pensar nas atividades produtivas em Portugal, na reindustrialização, moderna e tecnológica, onde o conhecimento que permite a inovação é a verdadeira alavanca da economia.
É certo que, para a criação de um ecossistema favorável à reindustrialização de Portugal, necessitaremos de focar vários desafios, nomeadamente: simplificar procedimentos e eliminar obstáculos ao crescimento; implementar uma fiscalidade, e a existência de condições de financiamento, que dinamizem um sistema que encoraje empreendedorismo e, ainda, reforçar os elementos estratégicos setoriais, clusters, desenvolvendo o mark-up dos produtos nacionais. Para além de tudo isto, temos, acima de tudo, que injetar conhecimento na nossa economia, nas nossas empresas - temos de garantir a boa engenharia e boa gestão. E esta é a melhor medida de gestão de risco que podemos tomar nas cadeias de valor. Uma medida de resiliência mas também de eficiência e prosperidade.