Neste sentido, a aprendizagem depende do ambiente que encoraja estas relações. Mexemo-nos, socializamos e aprendemos em espaço físico (construído ou não), mesmo que o veículo de aprendizagem seja um canal digital. E esse espaço físico, apesar de projetado e moldado por nós com um determinado objetivo em mente, também molda os nossos comportamentos. No fundo, o espaço funciona quer como variável dependente quer como variável independente nos nossos comportamentos. Por um lado, afecta a forma como é utilizado, no sentido em que nos predispõe para determinados comportamentos ou acções (sabemos que, se vamos participar num programa de formação, provavelmente nos sentaremos de frente para o quadro e não junto do púlpito). Por outro, é por nós desenhado e moldado para a função a que queremos submetê-lo.
Não é determinante, mas encaminha. Por isso, nalgumas salas sentimos que trabalhamos melhor, noutras não há concentração possível, mesmo em absoluto silêncio. Há espaços onde sabemos intuitivamente de onde virá a mensagem que vamos receber, noutros ficamos confusos e sem saber como nos devemos movimentar ou para onde olhar.
Habitar o espaço é, assim, uma parte importante do processo de aprendizagem. Quanto mais simples for a acção de “ocupar” o espaço físico, mais este consegue ser veículo para as relações que suportam o processo de aprendizagem. O espaço físico deve ser um veículo que facilite directamente aos intervenientes a prossecução do objectivo a que se propõem, nunca um elemento de distracção que perturbe em relação a este. Neste sentido, importa conhecer bem o processo e metodologia de ensino e aprendizagem, não só para determinar qual o espaço ideal para cada tipo de momento, mas também para garantir a harmonia dos vários intervenientes (espaço, conteúdo, intervenientes e metodologias).
Pensemos num exemplo simples, que ocupa o imaginário de todos nós: uma sala de aula do primeiro ciclo, com carteiras individuais por aluno. Que tipo de metodologia lhe está associada? Na maioria dos casos, expositiva, acompanhada ou não por exercícios de resolução individual. Por norma, com um ponto focal imediato, o quadro onde o professor escreve conteúdos. Mais uma vez, não é determinante, e claro que podemos propor metodologias colaborativas e dinâmicas neste tipo de espaço. Mas não é a acção mais imediata e requer mobiliário específico que contrarie a tendência de rigidez que o espaço naturalmente apresenta.
Há inúmeros factores a ter em conta quando se analisam espaços de aprendizagem em função das metodologias de ensino/aprendizagem que nele ocorrem, da função ao modo de aprendizagem, passando pela configuração espacial e morfologia, ou pelo tipo interacção de esperada (Bacharel Carreira, 2015).
Com o objectivo de questionar e aprofundar o estudo dos espaços de aprendizagem no campus de Carcavelos da Nova SBE, a equipa dos programas Abertos Intensivos da Formação de Executivos está a fazer o levantamento dos espaços e métodos de aprendizagem nele utilizados. Estes espaços podem ser interiores ou exteriores, formais ou informais, óbvios ou não. Por isso, esta equipa promoveu um concurso de fotografia aberto a toda a comunidade que frequenta o campus, para documentar formas e modelos de aprendizagem nos vários espaços, realçando a importância de olhar para o espaço criticamente, mas também de forma aberta, entendendo a aprendizagem como um processo contínuo e não um momento circunscrito a uma determinada sala.