Aprendemos toda a nossa vida e isso define-nos. Na realidade, tudo que fazemos, aparentemente, de forma inata no nosso dia-a-dia acontece porque, eventualmente, um dia alguém nos ensinou. Grande parte das vezes, damos por nós a fazer coisas que nem imaginávamos possíveis: uma receita que aprendemos enquanto observávamos a nossa mãe, ou andávamos de bicicleta depois de esta estar parada durante anos. Isto acontece porque o nosso cérebro vai reunindo toda a informação tornando-a acessível no momento em que precisamos dela.

Como é que é possível que alguma informação fique adormecida no nosso cérebro e outra simplesmente desapareça? A resposta está no processo de aprendizagem. Como refere Brown (2014), “Learning that’s easy. Is like writing in sand: here today and gone tomorrow”. Torna-se, por isso, essencial desenvolver processos de aprendizagem mais efetivos e duradouros.

Existem imensas teorias que tentam explicar como se desenvolve o processo de aprendizagem, mas não será que a solução passa por criar abordagens holísticas, ou seja, experiências de aprendizagem que olhem não só para a cognição, mas também para o corpo, mente e emoção? Para isso, é preciso ir introduzindo momentos e atividades ao longo do processo que ajude os aprendizes a criar significado.

Imaginemos uma sala de aula com 20 executivos que se estão a ver pela primeira vez. Porque estão nessa sala de aula? Uns porque a empresa assim o sugeriu, outros porque estão motivados em aprender sobre um assunto específico, outros porque se querem manter atualizados. Os motivos são diferentes, mas há algo que une todas estas pessoas: aprender. Imagine-se parte deste grupo, naquela sala, pela primeira vez, com pessoas que não conhece e com quem vai passar os próximos dias. Preferia que houvesse um espaço em sala de aula para se apresentarem ou isso poderia ser desconsiderado?

Tornar uma experiência de aprendizagem significativa passa por dar conforto ao aprendiz, por criar momentos em que este sinta que está num espaço seguro, introduzindo atividades como, por exemplo, um quebra-gelo.

Imaginemos agora que estamos no terceiro dia de uma formação intensiva, cansados, já com pouca capacidade de retenção e atenção. Alguém pede que se levante para, ao som da música, mexer o corpo e sempre que a música parar todos param também. Depois de dois minutos, regressam para o lugar para continuar a jornada de aprendizagem. Será que a capacidade de retenção vai aumentar? Muito provavelmente sim.

Cabe-nos a nós decidir que tipo de experiências de aprendizagem queremos criar e em que ambientes queremos que os nossos participantes aprendam. Na realidade, aprender vamos aprender sempre; aprender é para a vida, mas, da mesma forma que ela evolui, também as nossas práticas o devem fazê-lo.

Rferências bibliográficas: Brown, Peter C. (2014). Make it stick: the science of successful learning. Cambridge, Massachusetts :The Belknap Press of Harvard University Press.
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Publicado em 
11/8/2022
 na área de 
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