anto na vida pessoal como na profissional, estas ocasiões são frequentes e, nesses momentos, devemos ter consciência plena de como atuar. Seja para decidir qual o curso que queremos tirar, a escola que queremos que os nossos filhos frequentem, a casa onde queremos viver, ou mesmo o nosso próximo passo de carreira, a decisão normalmente reveste-se de grande incerteza e de vantagens/desvantagens, independentemente da escolha efetuada.
E foi exatamente isso que me aconteceu há 12 anos! Tinha concluído a licenciatura e mestrado em Ciências Farmacêuticas e, a satisfação não podia ser maior! Não pelo resultado em si (pessoalmente sempre vi a formação como um meio e não como um fim, algo que nos dá as ferramentas que nos colocam numa melhor posição para vencer), mas acima de tudo pela experiência vivida!
Atualmente falamos muito da importância das experiências “imersivas” no processo de formação, mas o fenómeno não é novo. Talvez agora lhe estejamos a atribuir um maior significado, porque a pandemia nos veio privar destas experiências e, como bem sabemos, temos tendência a valorizar mais os eventos ou acontecimentos, quando estes já se encontram longe do nosso radar.
Tinham sido 5 anos fantásticos na Universidade de Coimbra! Uma verdadeira experiência imersiva, onde tinha tido a oportunidade de frequentar uma instituição única, cheia de história e tradições e tinha tido a oportunidade de viver pela primeira vez fora da “alçada” dos meus pais. Mas acima de tudo, tinha descoberto competências que desconhecia que as tinha até então.
A autonomia, a autoconfiança, a criatividade e improviso, o sentido de comunidade, o associativismo, o companheirismo e camaradagem, tudo isso são competências que estão longe de ser “soft” e que eu tinha percebido que as estava a desenvolver. Diria mesmo que são competências essenciais para nos tornamos bons profissionais e acima de tudo, bons cidadãos!
Esta experiência pela universidade tinha terminado com a cereja no topo do bolo, um programa internacional de intercâmbio de estudantes, onde tinha tido o privilégio de estar durante um curto período na Croácia, desenvolvendo assim a muito importante parte de cidadania global, que cada vez mais, todos devemos ter incutida.
Mas, faltava-me qualquer coisa, não podia aceitar que a primeira experiência do conhecimento estivesse a acabar. Queria que fosse apenas a primeira etapa, mas ao mesmo tempo, estava desejoso de abraçar o mundo do trabalho de corpo e alma.
Foi então que surgiu a ideia de frequentar um MBA. A reação de quem me rodeava foi quase unânime, “um MBA é para quem se encontra estabelecido no mundo do trabalho”, “o MBA é para quem procura algo que lhe dê o destaque e as competências para dar o próximo passo”, “um MBA é um grande investimento de tempo e também financeiro”. Ou por outro lado, “quem frequenta um MBA é porque está insatisfeito com a situação em que vive e, quer com o MBA, fazer uma mudança radical na sua vida.”
Ora no meu caso, nenhuma dessas situações se verificava. Tinha acabado o curso, era ingénuo e cheio de sonhos (os sonhos ainda os tenho) e, até já tinha uns quantos projectos profissionais na mira.
Ouvi com muita atenção, pesquisei bastante sobre o tema, refleti e, mesmo assim, decidi avançar!
Olhando para trás, foram dois anos incríveis e voltava a tomar a mesma decisão. Consegui conjugar o meu primeiro emprego com o MBA e, acredito que isso me deu um “pedigree”, com que admito que ainda hoje lucro. Foi intenso, mas foi muito gratificante.
Quer então isso dizer, que as pessoas que me rodeavam e me aconselharam, estavam erradas? Nem por isso! Pelo contrário! Tinham razão em quase tudo o que me disseram: que por exemplo um MBA se torna muito mais útil quando estamos a aprender e a aplicar em simultâneo as aprendizagens. Que o MBA nos ajuda a sermos mais precisos no que fazemos, que nos ajuda a ter uma visão estratégica que provavelmente necessita de vivências para ser aplicada na sua plenitude. E, que o MBA é sem dúvida, uma oportunidade ímpar para crescer do ponto de vista profissional, ou por outro lado, fazer uma mudança drástica de vida!
Mas o que se esqueceram de me dizer, é que o MBA também me iria proporcionar uma visão diferente daquela que eu já tinha (muito virada para a ciência e não para o Marketing e Gestão), que me iria possibilitar ter uma rede de trabalho nas mais diferentes áreas, que me iria conferir uma visão estratégica muito mais completa sobre o mundo farmacêutico e, que me iria imprimir um sentido de responsabilidade e autonomia ainda maior! Esqueceram-se também de me dizer, que o facto de eu estar habituado ao ritmo de estudante, iria tornar o processo formativo muito mais simples. Afinal de contas, eu ainda estava habituado ao ambiente estudantil, às aulas, aos exames, aos projectos, e por isso, ao contrário dos meus colegas mais experientes, não foi algo que me custasse voltar a fazer (porque na verdade ainda não tinha sido sequer interrompido esse ciclo).
Fazendo um balanço final, acredito que a versatilidade que adquiri, o traquejo de lidar com pessoas mais experientes, a bagagem aumentada de novas competências e, a tarimba e perícia que tive de ter para não ficar atrás, me foram muito úteis em tudo o que se segui a partir daí. Foi sem dúvida um fator diferenciador.
Desta forma, penso não haver o momento certo para tirar um MBA. Apenas uma altura própria que cada um deve perceber, consoante o momento que está a atravessar (pessoal e profissional). Por isso, seja no início da carreira, quando mudamos de emprego, quando temos um filho, ou mesmo quando nos queremos reformar, o que interessa mesmo, é aproveitar e apreciar esse caminho e, extrair tudo aquilo que nos pode ajudar a triunfar.