que significa, realmente, “acelerar pessoas”?
O mundo no qual vivemos já não está suficientemente acelerado?
Será que as pessoas não precisam pôr o pé no travão em vez de acelerar?
As respostas apontam para uma combinação de tudo. O problema não é acelerar, mas acelerar sem direção, como numa montanha-russa, que vai do nada a lugar nenhum. É acelerar quando é hora de parar, e parar quando é hora de acelerar.
Observo à minha volta pessoas a queixarem-se de uma sensação de frustração constante. De não conseguirem tirar os sonhos do papel, ou de os terem deixado para trás, em alguma curva do caminho.
Porém, tal como disse o professor de psicologia da Universidade de Illinois, O.H. Mowrer, se a felicidade representa o principal objetivo do esforço humano, a frustração é a sua antítese. O verbo frustrar vem do latim, significa “fazer algo em vão”. E os investigadores que se dedicam ao assunto chegaram à mesma conclusão.
Segundo a ciência, a frustração ocorre quando uma pessoa age, continuamente, com a expectativa de obter alguma gratificação ou um resultado desejado, mas simplesmente não alcança aquilo que quer. Para investigar o que acontece no cérebro humano quando alguém é submetido à frustração, cientistas recorreram à neuroimagem. E descobriram que a frustração provoca mudanças na atividade cerebral nas mesmas estruturas afetadas quando passamos por uma crise aguda de stress.
Após um evento frustrante, a nossa resposta emocional é o stress, a irritação, a tristeza, a raiva e a agressividade, elementos que, combinados em diferentes proporções, constituem o que chamamos de frustração – ou, em suma, o oposto da felicidade.
Não seria exagero dizer que hoje vivemos numa “epidemia de frustração”, pelo mundo fora, crises económicas, políticas, financeiras e morais servem de combustível à nossa frustração do dia a dia. No entanto, se há algo que aprendi na minha jornada é que para chegar ao sucesso – e sucesso, aqui, significa alcançar aquilo que quer na vida – é preciso aprender a superar a frustração, que nada mais é do que o maior de todos os “desaceleradores” de pessoas que conheço.
Até pode achar que está a acelerar, que a sua rotina se resume a correr sem parar, de um lado para o outro, para cima e para baixo. Contudo, se toda essa correria não o está a levar para onde quer, na realidade não está a acelerar – está apenas a frustrar-se.
Na raiz da frustração está a sensação de impotência, de não termos controlo ou poder para superar barreiras que nos separam dos nossos objetivos.
O trabalho, assim, começa de dentro para fora. Trata-se de recuperar o controlo e a alegria de viver, o foco e a energia, o senso de direção e o poder de nos conectarmos aos nossos semelhantes, de investir naquilo que acreditamos e de ir do sonho à realização. De saber como empreender, como superar e, apesar dos obstáculos, como desfrutar do percurso com o prazer e a entrega de quem descobriu – ou redescobriu – quem é e o que quer nesta incrível jornada que chamamos de vida.
Foi assim que, a partir de uma reflexão sobre o que significa ser um “acelerador de pessoas”, cheguei à seguinte conclusão: trata-se de colocar a minha experiência e a minha história de vida ao serviço daqueles que querem trocar o verbo frustrar pelo verbo realizar – e querem fazer isso rápido, muito rápido!
Com estes pensamentos em mente, comecei as minhas pesquisas. Descobri que confirmavam o que minha a experiência já me dizia. ACELERAR é um processo, uma rota, uma vez que traçar o percurso é a condição essencial para que possa aumentar a velocidade com segurança.
Para facilitar a esta jornada criei um anacronismo constituído por 8 fases:
Fase 1 - A – Acreditar
O ponto de partida é ter um sonho e acreditar nele. O que significa acreditar e porque é que isso é tão poderoso? Como é que a crença se distingue de um simples pensamento mágico? E quanto às crenças que atrapalham as suas ações, como livrar-se delas? Que crenças o alimentam? Qual é o seu combustível? Qual acredita que seja o destino de sua jornada? Como conectar-se novamente a esse destino?
Fase 2 – C – Conectar
Aqui veremos qual é a base dos bons relacionamentos; como reunir as pessoas certas para que comece a acelerar. Vamos aprender a criar um mastermind realmente poderoso, que segundo Napoleon Hill significa “a coordenação de conhecimento e esforço de duas ou mais pessoas, que trabalham em direção a um propósito definido, em espírito de harmonia”.
Fase 3 – E – Escolher/Educar
Ao resgatar sonhos, rever crenças e conectar-se com pessoas, muitas ideias e opções começarão a surgir. Que caminho seguir? Para onde direcionar os seus esforços e a energia vital recém-conquistada? Este é um momento crucial, pois uma escolha equivocada ou ilusória pode levá-lo de volta à frustração. Para distinguir um verdadeiro chamado de um “canto de sereia”, precisamos educar-nos, o que envolve informação, autoconhecimento e preparo.
Fase 4 – L – Libertar-se
Pensar fora da caixa, livrar-se de tudo aquilo que o pode estar a limitar, buscar o novo, ousar – é disso que trataremos aqui. Para acelerar, a ponto de alcançar a esfera dos grandes empreendedores, é necessário cortar amarras. Aqui veremos como acelerar o seu negócio ou a sua carreira (caso seja um intra-empreendedor) – seja qual for o ponto em que estiver.
Fase 5 – E – Expandir
Depois de se libertar, é o momento de se expandir, ampliar horizontes, permitir-se a voos mais altos e acelerar ainda mais. Vamos falar de estratégia, de planeamento e de visão: que futuro quer construir e para o quê? Que recursos precisa e como obtê-los rapidamente? E o que precisa desenvolver para ser a pessoa que quer ser?
Fase 6 – R – Restaurar
Chegou o momento de aprender um segredo essencial da aceleração: a pausa. Se numa viagem de carro precisa parar para abastecer — e se até mesmo em numa corrida de Fórmula 1 isso é necessário – na sua jornada pessoal as coisas não são diferentes. O risco de acelerar sem parar é fatal: acaba sem energia quando mais precisa dela. Vamos falar do stress e do burnout, e de como evitá-los de modo a renovar as energias e prosseguir com mais prazer, disposição e, por que não, com mais felicidade. O professor Tal Ben-Sharar, cujo curso sobre felicidade foi o mais frequentado da história da Universidade de Harvard, tem algumas lições importantes a ensinar-nos sobre isso.
Fase 7 – A – Agir
Ação consciente e voltada para os resultados, persistência, estratégia e autodisciplina – estas são as “armas” do bom “acelerador”, ou seja, daquela pessoa que acelera porque sabe muito bem onde quer chegar. É aqui que começam a distinguir-se os maratonistas de ocasião dos verdadeiros campeões. Força de vontade e automotivação são as palavras-chave. No entanto, o que a experiência nos mostra, a ciência comprova: não estamos a falar de características inatas, mas de competências que podem ser desenvolvidas. Aqui, saberá como.
Fase 8 – R – Renascer/Reinventar
A jornada ainda não chegou ao fim e, talvez nunca chegue. Esta é a nossa grande descoberta final. O destino que traçou no início é apenas uma etapa. Novas ideias virão, novas realizações, novas conquistas. Acomodar-se ao sucesso é mais uma receita para a frustração. É preciso saber como se recriar, reinventar-se e até mesmo renascer. O sonho continua enquanto vivermos. E enquanto inventarmos novos modos de acelerar.