Quase 28 anos depois da queda do muro de Berlim, há ainda muros a ser construídos mesmo debaixo dos nossos narizes e tantos outros com os quais continuamos a chocar, a bater com a cabeça. Por isso, muitas vezes avançamos na direção errada, ou então sentamo-nos, com a mãos na cabeça, impotentes.
A

lguns destes muros conseguimos ver claramente à nossa frente, só não sabemos como deitá-los abaixo. Outros são invisíveis para nós, e só nos apercebemos que estão lá quando nos impedem de ir onde queremos.

Eu conheci a Sara há uns anos. Ela era uma excelente profissional, cheia de confiança, racional, uma mulher líder. Tinha um enorme desafio à sua frente – a reestruturação da sua organização – promover o talento e as suas capacidades funcionais, agilizando e melhorando processos. A Sara tinha uma visão clara do que tinha de ser feito e um plano detalhado de como lá chegar. Na realidade, ela até já estava a dar passos importantes nessa direção.

Mas em cada passo, ela deparava-se com um muro que não tinha previsto: um dos seus stakeholders não estava totalmente de acordo com o planeado e o seu gerente de linha estava a testar a sua capacidade de gerir a transformação sem a aconselhar ao longo do processo.

Ela estava sozinha, totalmente convencida que esta era a direção certa e assumindo que tinha a confiança e apoio dos principais interessados para andar com o projeto para a frente. Ela estava frustrada por não estar a conseguir qualquer tração e por não se sentir reconhecida pelo seu gerente de linha pelo seu enorme esforço para levar a transformação a bom porto.

A realidade é que ela não via o muro que foi construído à sua frente. Esse foi o primeiro passo para a apoiar - ajudá-la a ter consciência desse muro. Não podemos derrubar muros que não vemos.

Há mais muros que são ainda mais difíceis de ver e que não são necessariamente mais fáceis de derrubar: os muros que construímos à frente de nós próprios. Alguns estão relacionados com a falta de competências, falta de capacidade, falta de vontade, e há ainda aqueles que construímos por MEDO.

Quem é coach, vê frequentemente o muro do medo a crescer à sua frente enquanto ouve, descasca, desata, e desafia os factos, pensamentos, sentimentos e preocupações partilhadas pelo coachee. Conseguimos ver como o medo retrai os coachees e os torna reféns deles próprios. Por isso, é preciso iniciar a negociação com os raptores.

O Manuel era um dos responsáveis máximos por uma multinacional, acumulando 25 anos de experiência em diferentes funções comerciais. Ele era muito instruído, muito experiente, apaixonado, cheio de energia e ambição, enfrentando sempre a vida e o trabalho com uma atitude positiva, focando-se em encontrar soluções, construir pontes entre as diferentes funções e alimentar as suas relações profissionais.

No entanto, ele não era assertivo quando comunicava, nem quando tomava decisões, porque tinha medo de cometer erros que poderiam levá-lo a perder o emprego. Ele sentiu que estava a perder credibilidade e respeito. Estava perdido e com medo. Além disso, o seu chefe reforçava constantemente este ciclo negativo: chateava-o diariamente, chamava-lhe líder fraco, dizia-lhe que os outros lhe ganhavam sempre e reforçava que ele tinha de melhorar ou seria despedido.

Ele sentia-se frustrado e humilhado, mas também empenhado em mudar o seu comportamento e ser mais assertivo com os seus stakeholders para reconquistar o respeito. Estava a esforçar-se e a bater com a cabeça no muro, numa tentativa de ultrapassar o medo. Mas o medo estava a fazê-lo perder o emprego.

A maioria das pessoas tem medo de ser despedido, por ser o ganha pão das suas famílias, por marcar a sua carreira, a sua reputação e o seu amor próprio. Mas temem, sobretudo, perder o respeito dos outros, dos seus filhos, da sua mulher ou marido, dos seus pais.

Perder o emprego é uma das mudanças mais impactantes na vida das pessoas. Por isso, o medo de perder o trabalho é comum e completamente legítimo. Mas podemos libertar-nos desse medo. Aliás, precisamos de nos libertar desse medo. Ou vamos ser líderes fracos, medrosos e constrangidos. É preciso eliminar o medo para dar asas ao nosso potencial.

O primeiro passo é escalar o muro do medo e olhar bem para o outro lado, imaginar-nos a viver sem medo. O que seria diferente se não tivesse medo de ser despedido? Como me sentiria? Quanto melhoraria como profissional? Quanto melhoraria a minha vida? O que é preciso para me libertar deste medo? Qual é o meu plano?

E aqui que começa a caminhada do coaching, uma jornada que revela possibilidades e gera escolhas conscientes.

O coaching oferece a oportunidade de descobrir o que realmente quer, de enfrentar a realidade, ver os muros à sua frente e de expulsar o Medo e acolher a Possibilidade. O coaching proporciona o ambiente e a metodologia para refletir com qualidade, para desafiar com segurança as suas próprias premissas, para olhar confortavelmente para si e ser confrontado com as questões que levarão às respostas que procura. Para fazer escolhas conscientes e agir de acordo.

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Coaching Executivo?
Publicado em 
15/6/2018
 na área de 
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