O tema da diversidade de género nas equipas de gestão de topo das empresas não é novo. A sua pertinência e atualidade são suportadas por diversos estudos que revelam que as empresas que têm equipas de gestão com maior equilíbrio de género obtêm melhores resultados de negócio e têm crescimentos e rentabilidades mais elevadas.

O que nos dizem os números

A evolução nos últimos anos tem sido lenta mas positiva. De acordo com dados do World Economic Forum, desde 2015 que o número de mulheres em funções de liderança de topo tem vindo a crescer, particularmente nos designados lugares de C-suite, onde a representação feminina aumentou de 17% para 21%. Hoje, 44% das companhias têm 3 ou mais mulheres em cargos de C-suite, sendo que em 2015 esse número era de 29%. Contudo, o número total de mulheres em funções de CEO nas maiores empresas dos Estados Unidos da América é ainda muito baixo – apenas de 5%.  De acordo com outro estudo, em 2019 apenas 29% das funções sénior de gestão eram exercidas por mulheres, tendo 87% das empresas pelo menos uma mulher numa dessas funções.

Em Portugal, a tendência é idêntica. De acordo com as primeiras conclusões do projeto Women on Boards Portugal, liderado pela professora Sara Falcão Casaca, o número de mulheres na administração de empresas cotadas em bolsa tem vindo a aumentar; no entanto, Portugal está entre o grupo de países com menor número de mulheres nos órgãos de administração das maiores empresas cotadas em bolsa na Europa. São apenas 24,8% de mulheres entre os administradores destas empresas, o que, apesar das melhorias, fica abaixo da média de 27,8% dos 28 países da União Europeia. De acordo com uma análise da D&B sobre a evolução da participação feminina em cargos de gestão entre 2013 e 2019, as mulheres ocupam apenas 30% dos cargos de gestão em Portugal. Ainda assim, as empresas do setor empresarial do Estado registam uma presença feminina na gestão de 32,2%, superior aos 29,8% do setor privado.

O viés cultural e a perceção social

Esta diferença de género em funções de gestão de topo em todo o mundo é bem conhecida e tem sido objeto de diversos estudos, nomeadamente quando a maioria dos jovens que terminam o ensino superior são mulheres e pelo menos metade das pessoas que trabalham em todo o mundo são também mulheres.

Existem muitos fatores que contribuem para esta escassez de mulheres em cargos de gestão de topo. Durante séculos, houve um amplo viés cultural em relação às mulheres e os estereótipos são difíceis de alterar. Há imensas pesquisas que têm demonstrado que esse viés inconsciente tem um papel muito significativo nas decisões de admissão e promoção, que também contribuem para o número mais baixo de mulheres em posições de liderança. Contudo, um dos fatores mais importantes está relacionado com as características das próprias mulheres e os seus níveis de confiança e ambição.

Como contrariar a tendência

Foi com esta realidade como ponto de partida que a CIP decidiu sair da sua zona de conforto e investir numa iniciativa inovadora que pretende impulsionar o acesso da mulher a funções de maior responsabilidade, nomeadamente nas direções e administrações das empresas. Inspirados e em estreita parceria com a sua congénere espanhola, começa hoje o Projeto Promova, que tem como objetivo apoiar o desenvolvimento e formação de mulheres, tendo em vista o aumento da sua presença na gestão de topo das empresas.

Com o Projeto Promova, que se consubstancia num programa de formação executiva  desenvolvido em parceria com a Nova SBE Executive Education ao longo de um ano, e que inclui suporte ao desenvolvimento das participantes através de sessões de coaching e mentoria, a CIP acredita que irá definitivamente contribuir para um maior equilíbrio social, promovendo a diversidade de género nas funções de liderança.

Embora reconheça que muito se evoluiu neste tema desde a minha primeira experiência profissional, em 1988, como membro de uma Equipa de Gestão de topo, em que durante 10 anos fui a única representante feminina nessa equipa, conheço imensas mulheres com competências e vontade de crescer profissionalmente, que se deparam com enormes obstáculos para o conseguirem. Por outro lado, também conheço mulheres com potencial para crescerem e evoluírem profissionalmente para funções de gestão e que, por opção, ou convicção pela perceção de incompatibilidade com o exercício de outros papéis, não “se atrevem” a equacionar essa possibilidade. E talvez seja aqui que o papel do Promova é mais importante, dando poder às participantes para querer e assumindo-se como um verdadeiro “executive program to balance the power”.

Esta iniciativa visa identificar e desenvolver talentos femininos com potencial de liderança e começa hoje no Campus de Carcavelos da Nova SBE.

O Projeto Promova é resultante da parceria da Nova SBE com a CIP – Confederação Empresarial de Portugal.

Saiba mais sobre o
Projeto Promova
Publicado em 
1/7/2020
 na área de 
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