A edição 2022 das Conferências do Estoril está prestes a realizar-se e trará à Nova School of Business & Economics (Nova SBE), nos dias 1 e 2 de setembro, alguns dos líderes mundiais e decisores políticos mais influentes da atualidade.

Falámos com o moderador de debate Weza Bombo João, que está agora a criar um negócio de ourivesaria sustentável, com um sistema de blockchain tracking, na Suíça, tendo estudado de Gestão de Soluções Climáticas, Direito Internacional e Gestão Internacional, na Universidade de St. Gallen, para conhecer as suas expectativas para o evento.

 

Estará nas Conferências do Estoril para falar sobre sustentabilidade e irá moderar o debate intitulado “The Earth is speaking: now or never”. Será este o ponto critico para a mudança?

Sempre fiquei fascinado com a espécie Humana. Olhando para a História da Humanidade, o Homo Sapiens sempre foi capaz de ultrapassar situações difíceis. Como otimista, penso que também conseguimos ultrapassar a catástrofe ambiental para a qual nos dirigimos.

Também penso que a verdadeira pergunta é se a trajetória que estamos a seguir é compreendida por toda a gente. Estamos a viver uma emergência climática e o colapso da biodiversidade. Continuamos a fingir que o business as usual e mudanças incrementais vão ser suficientes. Portanto, sim, diria que neste momento estamos a viver o ponto critico de viragem. A mãe natureza está definitivamente a falar connosco!

 

Na sua opinião, o que vai acontecer se continuarmos a percorrer este caminho e manter o tal business as usual? Ainda temos tempo para mudar?

Enquanto estudava e com o meu trabalho prático, trabalhando na Ernst and Young e ajudando os negócios a descarbonizarem as suas atividades, tenho visto a transição e que ainda temos tempo para mudar. Podemos não voltar mais ao que já fomos, porque vamos definitivamente sentir, ver e experienciar a mudança. O perigo está na cascata de catástrofes (subida do nível do mar, eventos meteorológicos extemos, doenças, migração de pessoas, desigualdades económicas, conflitos locais internacionais, mortalidade, fragilidades estatais) e, definitivamente, não conseguimos resolver os problemas com o mesmo tipo de pensamento que utilizámos para criá-los.

 

Acredita que a juventude atual está mais ciente e motivada para resolver os grandes desafios da humanidade?

Não diria que as gerações mais velhas não estão a levar estas grandes ameaças tão seriamente como a geração mais nova. Quando se estuda e se aprofunda o conhecimento sobre as alterações climática, podemos ver, sentir e compreender o que brilhantes cientistas e economistas previram que iria acontecer há décadas. A nossa geração sabe apenas difundir a mensagem de uma melhor forma, espalhando-a pela sociedade para um determinado evento, com a ajuda das redes sociais.

 

Tem vindo a trabalhar há algum tempo nas áreas da sustentabilidade e descarbonização. Pensa que já temos as ferramentas necessárias para agir agora? Se não, o que falta?

Temos as ferramentas necessárias para a descarbonização e para a transição para energia renovável. As turbinas eólicas, por exemplo, são hoje um investimento barato e sábio. Estamos a caminhar em direção a produtos mais sustentáveis, o que leva a uma maior consciencialização e, ao nível, económico, criámos mercados diferentes, o que definitivamente acrescenta um valor positivo, mas ainda tem as suas fraquezas. Li uma vez que não há evidências empíricas que a dissociação absoluta dos recursos usados pode ser alcançada sobre o pano de fundo do crescimento económico contínuo, o que frisa que o nosso sistema económico atual precisa de mudar. Para além disto, como estudante de direito internacional, diria que as políticas públicas são a ferramenta mais poderosa para acelerar a transição. No que diz respeito ao comportamento, muitas coisas podem ser ajustadas através de leis eficientes.

 

O movimento climático é acessível a todos? Se não, como podemos torná-lo?

Penso que esta é uma das perguntas mais fascinantes que pergunto a mim mesmo muitas vezes. Diria que temos de assegurar que as grandes corporações vão parar de emitir gases poluentes, os países têm de considerar as suas emissões históricas e sobre como estão a consciencializar a população para compreender as alterações climáticas e vê-las como um propósito comum. Acredito que se inspirarmos pelo menos uma pessoa naquela sala, é um grande passo para o futuro. Se essa pessoa ou grupo de pessoas ponderar se deve consumir, comprar ou construir alguma coisa antes de o fazer, será incrível e já é uma ação para aceder ao movimento climático. Ou se aceita a verdade inconveniente, tentando desafiar o sistema e participando na construção de um mundo mais justo (e não um mundo melhor – porque não é um mundo bom o suficiente?) ou se continua a beneficiar do status quo.

Terá a oportunidade de debater este tópico com oradoras de comunidades indígenas. Quais são as suas expectativas para esta conversa?

Estou à espera de um debate emocional, porque penso que é assim que tocamos a audiência. Além disso, olhando para a minha família, em Angola, estão precisamente a experienciar aquilo de que vamos falar – sem direitos de propriedade e experienciam as consequências das alterações climáticas, como as secas e as ondas de calor. Estão a ser impactados pelas alterações climáticas e eu vejo como as suas vidas estão a mudar por causa disso. Portanto, espero um debate emocional e que consigamos inspirar as pessoas.

 

Acredita que podemos pôr em ação alguma desta sabedoria para tentar resolver os atuais desafios que enfrentamos?

Definitivamente. Não estou a dizer que espero ou que tenho a expectativa deque vamos construir a próxima empresa sustentável, mas, como mencionei antes, se conseguirmos tocar nas pessoas e fazê-las pensar criticamente sobre as coisas, já é uma vitória.

Estou ansioso para participar neste debate. Claro que vamos estar todos a viajar de avião para chegar à Nova, o que pode impactar as alterações climáticas, mas eventos como este são um espaço de inspiração. E penso que isso compensa o impacto que possamos criar nas nossas vidas quotidianas.

Além disso, há quatro anos que estudo tópicos relacionados com a sustentabilidade e diria que a educação pode ajudar a compreender as alterações climáticas. Se não andasse na Universidade St. Gallen e não tivesse tido algumas cadeiras, sou honesto, talvez não me focasse nas alterações climáticas. Penso que a educação e a consciencialização são muito importantes e necessárias. Compreendo que haja que não leve estes temas tão a sério – todos temos diferentes problemas e prioridades nas nossas vidas diárias.

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Desenvolvimento Sustentável?
Publicado em 
1/9/2022
 na área de 
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