O termo trabalho híbrido tem estado na moda, gerando debates. Diria que ser híbrido ou não ser híbrido não é a questão, uma vez que não vamos voltar ao “normal”. Penso nas gerações mais novas que se graduaram durante a pandemia ou mesmo depois disso e que nunca experienciaram o “regresso ao escritório”! A pandemia provocada pela COVID-19 mudou profundamente a suposição de que a maioria tem de ir para um edifício especial, durante um tempo específico, para fazer o seu trabalho. Na realidade, as organizações aperceberam-se de que os seus funcionários eram ainda mais produtivos – com um custo, no entanto, como sugerem estudos recentes sobre burn out e saúde mental. Apesar disso, a maioria das empresas está a tentar atrair as pessoas novamente para o escritório, pois sabem que é difícil manter a cultura empresarial ao longo do tempo se as pessoas nunca se tiverem conhecido pessoalmente. É por isso que a IBM e a Yahoo, uns anos antes da pandemia, já tinham revertido a sua liberal política de permanência no escritório: porque precisavam de mais criatividade colaborativa e queriam manter a sua cultura.

As organizações estão a passar por três desafios que necessitam de manter presentes enquanto exploram novas formas de organizarem o trabalho híbrido:

- Como estimular relações sem os debates íntimos que a presença física regular propicia?

- Como apoiar a aprendizagem informal? Como ensinar os recém-chegados, e reforçar para os restantes, as regras que não estão escritas sobre como as coisas são feitas na empresa, que podem ser apreendidas ao ver e ouvir os outros todos os dias?

- Como colaborar com outras áreas quando há menos oportunidades para a interação informal e os encontros casuais?

Na nossa investigação com John Weeks e e Mahwest Khan, descobrimos que há três principais facilitadores: espaço, tecnologia e processos organizacionais. Os primeiros dois são aqueles em que nos focamos quando pensamos em trabalho híbrido. Diria que o último, apesar de ser o menos falado, é o mais importante. Inclui estimular a confiança a partir de normas transparentes e inclusivas, mover-nos de métricas centradas no tempo para métricas focadas em resultados, abraçar a flexibilidade e reconhecer necessidades diferentes e em mudança, para além de reconhecer o papel dos gestores, não só como coordenadores da carga laboral, mas também como facilitadores do crescimento e progressão das pessoas.

Híbrido ou não híbrido? Enquanto o trabalho remoto e os horários flexíveis estão aqui para ficar (e por boas razões), a questão que falta ser respondida pelas empresas é a forma como isto se vai parecer. E, até agora, ninguém encontrou a resposta. Ainda assim, há algumas coisas a pensar se ponderarmos como o trabalho híbrido se vai apresentar nas nossas organizações: não há uma solução igual para todos; é necessário estar sempre pronto para experimentar e adaptar; é essencial manter o escritório e desenhar, intencionalmente, “espaços de cultura”. No final de tudo, esta pandemia, como tantas outras na História, está a forçar-nos a quebrar o passado e a imaginar o nosso mundo. Neste contexto de trabalho e das organizações, é uma oportunidade para redefinir o trabalho.

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Publicado em 
7/11/2022
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